O Ministério Público Federal denunciou dois funcionários do BioParque do Rio de Janeiro e dois servidores públicos, um do Ibama e outro do Inea, por supostas irregularidades e maus-tratos na importação de 18 girafas africanas para o Brasil, em novembro de 2021. Os animais foram levados para um resort, em Mangaratiba, no litoral sul do Rio de Janeiro e tinham como destino o Bioparque.
A denúncia foi aceita na 10ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro há duas semanas e seguiu o indiciamento concluído por inquérito da Polícia Federal. Foram denunciados o gerente técnico e o diretor de operações do BioParque por maus-tratos às girafas africanas, irregularidade na importação e por dificultar à fiscalização do poder público, com a demora de mais de 50 dias na comunicação da morte dos animais às autoridades.
O MPF aponta que a importação foi irregular pois os fiscais teriam elaborado documentos com informações falsas para o transporte dos animais.
"Os empreendedores usaram um fictício projeto conservacionista para justificar a vinda das girafas, disfarçando assim o intuito comercial da atividade. Além disso, o processo de importação contou com documentos que atestavam a adequação do recinto no qual os animais ficaram confinados durante o período de ambientação", disse o Ministério Público Federal.
Três girafas das 18 morreram após tentarem fugir da área onde estavam presos, no Resort. O MPF diz na denúncia que a causa da morte das três girafas teria sido uma doença muscular, provocada por "intenso sofrimento e extremo estresse". Ainda segundo a denúncia, os animais estavam em um espaço extremamente pequeno, com apenas 10 metros quadrados para cada animal, quando a legislação determina que cada dois animais desse porte necessitaria de 600 metros quadrados.
(Foto:Reprodução/Pixabay)
BioParque e Inea respodem
Procurado pela Agência Brasil, o BioParque do Rio de Janeiro disse que atuou com total transparência e rejeita a hipótese de haver irregularidades na importação das girafas.
Já o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) também questionou a acusação do Ministério Público Federal e disse que acompanhou a construção e a adaptação das girafas ao novo recinto construído pelo BioParque e que o parecer elaborado por sua servidora foi baseado em normas técnicas e objetivas.
As girafas sobreviventes ainda estão no Resort Portobello, em Mangaratiba. Os denunciados pagarão multa e podem pegar pena de três a seis anos de prisão.
Foto Destaque: Girafas. Reprodução/Pixabay.