A capacidade de camuflagem das rãs de vidro é um dos assuntos que vem intrigando a ciência nos últimos tempos. Pesquisadores da área começaram a desvendar esse mistério recentemente, em um estudo publicado na revista Science.
Essas rãs têm esse nome devido a sua pele translúcida, que permite que seus órgãos internos sejam vistos com clareza através dela. Além disso, esses sapos possuem cores vibrantes e são encontrados principalmente nas florestas tropicais da América Central e do Sul.
Segundo a publicação, esses pequenos animais são capazes de manterem um nível alto de transparência. Isso se explica por que eles são capazes “esconder” uma grande porção dos seus glóbulos vermelhos no fígado, o que possibilita que eles fiquem praticamente invisíveis, principalmente no período diurno, quando estão dormindo e são mais vulneráveis.
De acordo com um dos co-autores do estudo, que foi realizado na universidade de Duke, na Carolina do Norte, quando os sapos-de-vidro estão descansando, seus músculos e pele ficam transparente, fazendo com que seus olhos e órgãos internos sejam os únicos visíveis. Por se alojarem em grandes folhas, eles acabam combinando com as cores da vegetação.
Animais podem apresentar presença nula de sangue (Foto: Renato Gaiga/Reprodução/G1)
Conforme o estudo, durante o período de descanso esses animais ficam de 34% a 61% mais transparentes do que quando estavam em atividade. Durante o monitoramento dessa mudança de coloração, foi possível observar que a presença de sangue era nula. A explicação para esse fenômeno parece simples, mas bem rara: as células vermelhas dessas rãs ficam concentradas no fígado e isso diminuía circulação periférica do sangue, fazendo com que a camuflagem fique mais intensa.
O estudo ainda revelou que o fígado dos sapos de vidro é capazes de armazenar 89% das hemácias, enquanto que o fígado das demais espécies de sapos só conseguem armazenar cerca de 12%.
A expectativa dos cientistas é que com os esclarecimentos dos mistérios que envolvem essa espécie, seja possível alcançar tratamentos de coágulos sanguíneos para humanos.
Foto destaque: Animais podem apresentar presença nula de sangue (Divulgação/Marcelo Lima/Inpa)