O Ministério Público Federal (MPF) notificou o Ibama, no dia 28 de fevereiro, a devolver as 15 girafas importadas pelo BioParque à Africa do Sul. Mas os especialistas contrariam a devolução dos animais alegando que podem ocorrer eventuais problemas de manejo e adaptação e que há o risco de as girafas serem levadas ao abate seletivo no país africano.
Inclusive, o próprio ambientalista Marcio Antonio Augelli, que denunciou ao Ibama a morte de três das 18 girafas que foram importadas inicialmente, é contra a decisão. Segundo ele, é provável que a África do Sul não as aceite de volta ou as sacrifique com a justificativa de prevenir a propagação de doenças. Augelli integra a Associação de Proteção Animal Mountarat e, no último dia 4, enviou um ofício ao MPF pedindo para reconsiderar a recomendação.
Girafa se alimentando dentro de sua baia de 31 metros quadrados, em um galpão em Mangaratiba (Foto: Reprodução/ Brenno Carvalho / Agência O Globo)
O biólogo e mestre em zoologia Igor Morais, ex-integrante da Associação de Zoológicos e Aquários do Brasil (Azab) disse ao Extra que “não é viável devolver os animais à África, pois não sabemos sua origem exata e, muito provavelmente, eles são excedentes destinados ao abate seletivo para controle populacional. Esta é uma realidade comum no sul desse continente. Os animais deveriam, se possível, ficar sob a tutela do Ibama: isso tornaria viável um programa de conservação, visto que, caso virem patrimônio de outras instituições, como é permitido por lei, pode haver o descumprimento das recomendações de manejo populacional por seus gestores”.
O médico veterinário de animais silvestres, Mário Henrique Alves também pontuou em nota ao Extra que uma nova viagem intercontinental não seria recomendada do ponto de vista técnico.
“Esse translado representaria um alto risco para esses animais do ponto de vista veterinário. É evidente que os animais não vieram para o Brasil por viés conservacionista e sim por interesses econômicos, mas agora que eles já estão aqui, um retorno não seria indicado”, apontou Alves, que hoje atua em um zoológico na Colômbia.
O MPF e o Ibama ainda não se posicionaram em relação as declarações do especialistas ou a possibilidade de as girafas ficarem no Brasil até esta última atualização.
Foto destaque: Girafas em galpão do Portobello Safári, em Mangaratiba. Reprodução/ Brenno Carvalho/Agência O Globo.
Fonte: Jornal Extra.