O "brilho" observado nas aranhas à noite não é causado diretamente pelos filhotes, mas sim pelo "tapetum lucidum", uma estrutura presente no fundo dos olhos de algumas aranhas e outros animais. Essa estrutura tem a capacidade de refletir a luz, capturando a luminosidade do ambiente, especialmente em condições de pouca luz, como na escuridão da noite.
No vídeo filmado por Idelmá, que mostra uma aranha-lobo (Lycosa erythrognata), as pequenas bolinhas brilhantes nas costas da aranha são os olhos dos filhotes. Essa característica permite que a mãe aranha tenha uma visão noturna aprimorada, possibilitando a detecção de movimentos e presas mesmo em ambientes com pouca luminosidade.
Essa adaptação é particularmente vantajosa para aranhas noturnas, como a aranha-lobo, que caçam durante a noite. O brilho dos olhos dos filhotes auxilia a mãe na localização de presas e no movimento eficiente no escuro. Essa é uma demonstração fascinante de como os animais desenvolvem características especiais para se adaptarem aos seus ambientes e necessidades específicas.
Aranha-Lobo e seus filhotes. Foto:Reprodução/megacurioso.com
Visão Noturna
O "tapetum lucidum" é uma membrana especial presente nos olhos de certos animais, que tem a capacidade de refletir a luz. Essa característica é particularmente vantajosa para a visão noturna, pois permite que a luz não absorvida pela retina seja refletida de volta através das células fotossensíveis, aumentando a sensibilidade à luz e melhorando a visão em ambientes com pouca luminosidade.
Essa estrutura é encontrada em animais como gatos, cães, alguns roedores, raposas, cervos, crocodilos e diversos outros mamíferos e répteis. Quando a luz incide sobre o "tapetum lucidum", os olhos dos animais que possuem essa estrutura podem parecer brilhantes ou refletir cores específicas, como verde ou amarelo, em situações de baixa luz. O "tapetum lucidum" está localizado atrás da retina e proporciona uma vantagem adaptativa, permitindo que esses animais tenham uma visão mais eficaz em ambientes com a escuridão da noite ou águas turvas.
No entanto, é importante notar que a capacidade de refletir a luz através do "tapetum lucidum" não garante uma visão noturna idêntica à nossa visão diurna. A qualidade da visão noturna nesses animais depende de outros fatores, como a quantidade de células sensíveis à luz na retina e a existência de outras adaptações específicas para a visão em condições de baixa luminosidade.
A utilização dessa característica em pesquisas de campo ilustra como os cientistas podem aproveitar as adaptações naturais dos animais para aprimorar suas próprias observações e estudos. A aranha-lobo filmada por Idelmá Pereira de Resende exemplifica como essas adaptações podem ser diretamente observadas na natureza, contribuindo para uma melhor compreensão do mundo das aranhas e de outros animais que compartilham essa característica.
Aranha- lobo
A aranha-lobo, como aquela filmada por Idelmá, é noturna e depende significativamente do "tapetum lucidum" para aprimorar sua visão em ambientes com pouca luz. Pertencente à família Lycosidae, essa aranha é encontrada em quase todos os continentes, exceto na Antártica. Antes de os filhotes se posicionarem nas costas da mãe, eles são transportados em um saco de ovos, um comportamento que foi recentemente registrado e explicado pelo programa "Terra da Gente".
É importante notar que a presença do "tapetum lucidum" não é uma característica universal em todos os animais, e muitos aracnídeos também não possuem essa membrana. Por exemplo, as aranhas papa-moscas, que são ativas durante o dia e possuem uma boa visão diurna, não têm nem precisam do "tapetum lucidum". Essa variação destaca como diferentes espécies se adaptaram de maneiras distintas às suas condições ambientais e hábitos de atividade.
A função do "tapetum lucidum" e sua contribuição para a visão noturna em algumas aranhas e outros animais é intrigante. Essa adaptação evolutiva oferece uma vantagem significativa para animais que precisam caçar ou se movimentar em ambientes com baixa luminosidade.
Foto destaque: Vinícius Rodrigues/Arquivo Pessoal