Mundo Animal

Descoberta sobre macaco-aranha pode explicar relação entre humanos e bebidas alcoólicas

Descoberta recente mostrou que o macaco-aranha consome regularmente frutas muito maduras, que acabam apresentando certo teor alcoólico, o que pode explicar a relação humana com o álcool.

06 Abr 2022 - 19h50 | Atualizado em 06 Abr 2022 - 19h50
Descoberta sobre macaco-aranha pode explicar relação entre humanos e bebidas alcoólicas Lorena Bueri

A ciência já comprovou diversas vezes as semelhanças entre os humanos e macacos. Do formato das mãos, rosto e até alguns traços no comportamento, é inegável alguns elementos parecidos. Agora, um estudo recente da Universidade de Califórnia, em Berkeley, nos Estados Unidos, parece ter descoberto mais uma singularidade entre as duas espécies: o consumo de álcool.

A pesquisa, que foi publicada na revista científica Royal Society Open Science, revelou que o macaco-aranha (Ateles geoffroyi) consome frutos contendo álcool. Esses primatas procuram pelas frutas que estão mais maduras, nas quais os açúcares presentes já passaram por um processo de fermentação que resulta num teor alcoólica de cerca 1% a 2%.

Como metodologia da pesquisa, eles coletaram diversas frutas que haviam sido comidas de forma parcial e depois descartadas por essa espécie de macacos no Panamá. Após descobrir que esses alimentos continham álcool, os biólogos analisaram diversas amostras de urina dos macacos, e assim, foi constatado que o material continha produtos secundários da metabolização do álcool.


Macaco-aranha-de-Geoffroy  (Foto: Divulgação/ Kryssia Campos / Getty Images)


O estudo acredita na hipótese de que os macacos-aranha entendam essa presença de álcool como um indicativo de que o fruto está mais maduro, por isso acabam optando pelo alimento. De acordo com os biólogos da Universidade, isso significa que a substância foi utilizada pelo organismo do macaco como fonte de energia.

Um pesquisador dessa mesma Instituição, o também biólogo Robert Dudley, que estuda o gosto dos humanos por álcool há cerca de 25 anos, escreveu um livro em 2014, onde sugere que a vontade e satisfação por consumir bebidas alcoólicas que os humanos mantêm há séculos, começou com os ancestrais primatas, há milhões de anos. Essa nova descoberta da Universidade pode ajudar a confirmar essa hipótese. Porém, os cientistas ressaltaram que existe ainda muito a descobrir sobre o assunto, e mais pesquisas serão feitas para entender os efeitos do álcool no organismo e comportamento desses primatas.

 

Foto Destaque: Copo de cerveja. Reprodução/Divulgação/ Getty Images via GQ

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