Cientistas observaram um grupo de chimpanzés que utilizam de insetos esmagados para tratar as próprias feridas no Gabão, na África Ocidental. A pesquisa foi publicada na revista Current Biology nesta semana.
No parque nacional de Loango, localizado na costa do Gabão, os estudiosos analisaram um grupo de 45 chimpanzés, que inclusive, estão ameaçados de extinção. O primeiro registro desses animais utilizando o inseto para esse fim ocorreu em 2019, quando um chimpanzé colocou um inseto na boca, o esmagou e o colocou sobre uma ferida no pé de seu filhote.
A bióloga da Universidade de Osnabruck, Simone Pika, na Alemanha, que participou da pesquisa, afirmou que “os animais que recebiam o tratamento, não protestavam. Pelo contrário, pareciam felizes em serem atendidos."
Ela ainda disse que “é preciso muita confiança para colocar um inseto em uma ferida aberta. Eles [os chimpanzés] parecem entender que se você fizer isso com o inseto, a ferida melhora. É incrível", completou.
Mamãe chimpanzé e seu filhote (Foto: Divulgação/ Eric Gevaert/ Alamy)
Os cientistas perceberam que os macacos repetiram o feito em si mesmos pelo menos 19 vezes e outras 2 em outros animais feridos.
Apesar de ainda não terem identificado qual animal é usado pelos chimpanzés, os pesquisadores acreditam que seja um inseto voador, que possui substâncias anti-inflamatórias, trazendo um efeito calmante nas feridas desses primatas.
Ainda segundo a bióloga Simone esse tipo de estudo é exatamente aquilo que deve se divulgar e ensinar para outras pessoas, pois é inovador.
"Quando você vai para a escola e lê em seus livros de biologia sobre as coisas incríveis que os animais podem fazer, eu acho que poderia realmente ser algo assim que acabaria nesses livros, afirmou."
Outros animais, como algumas aves, ursos e elefantes já foram vistos utilizando plantas medicinais para se “automedicar”. O novo estudo mostra que além disso, esses animais são capazes de ajudar os outros.
Foto Destaque: Chimpanzé fêmea auxilia um macho adulto no Parque Nacional de Loango, no Gabão.Reprodução/Divulgação/ Tobias Deschner via AFP