Mundo Animal

Após 462 dias, termina o monitoramento de onça resgatada em incêndio no Pantanal

Após mais de um ano de adaptação à vida livre, onça que foi resgatada em incêndio no Pantanal, deixará de ser monitorado por GPS; colar de monitoramento é programado para cair sozinho.

25 Jan 2022 - 13h30 | Atualizado em 25 Jan 2022 - 13h30
Após 462 dias, termina o monitoramento de onça resgatada em incêndio no Pantanal Lorena Bueri

Em 20 de outubro de 2020, um macho de onça-pintada, nomeado como Ousado, voltava à natureza de Porto Jofre após ter sido resgatado com queimaduras nas patas durante os incêncios que ocorreram no Pantanal. Após 40 dias no departamento veterinário no instituto Nex, em Goiás, Ousado foi devolvido para a mata com um colar de monitoramento via satélite, muito importante para os pesquisadores.



Ousado descansa após se recuperar de queimaduras graves um ano atrás. (Foto:Reprodução: Marcelo Tchebes)


E foi por causa do equipamento que os pesquisadores do ICMBio e da ONG Panthera puderam monitorar o deslocamento diário do animal ao ar livre, saber a localização exata do felino e avaliar questões relevantes de comportamento, como a predação. "Se ele fica muito tempo parado em uma mesma área, se movimentando em um espaço muito pequeno, tudo indica que pode estar se alimentando. Aí a equipe vai até o local checar se houve a predação. Ou seja, graças aos dados coletados pelo GPS conseguimos fazer uma análise bem detalhada”, explica o coordenador do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos e Carnívoros do ICMBio, Ronaldo Morato.

O colar funciona via satélite e foi programado para coletar dados a cada uma hora por 400 dias e, depois de finalizar o prazo estabelecido, cair automaticamente do pescoço do animal. No entanto, o equipamento ainda não soltou do pescoço de Ousado, mas pesquisadores já trabalhavam com a possibilidade de atraso da data prevista.

O conjunto de ações e pessoas envolvidas no projeto foi fundamental para a recuperação do animal e para o sucesso de sua reintrodução. As informações coletadas de hora em hora todos esses 400 dias mostraram que Ousado se adaptou muito bem ao local de soltura. 

"O resultado positivo surpreende porque nós não tínhamos uma experiência prévia de que essa reintrodução pudesse acontecer da forma que foi: estávamos baseados somente no conhecimento sobre a espécie, mas sem exemplos práticos. Nós suspeitávamos que o local onde ele foi resgatado era a área de ocorrência do animal, por isso optamos pela soltura lá, na expectativa de que se ele se adaptasse bem, e foi exatamente isso que aconteceu”, comemora o pesquisador, que destaca a importância da atuação dos guias locais no monitoramento". 
Com os dados de satélite nós não conseguimos saber, por exemplo, se o animal está interagindo com outros felinos. Esse tipo de levantamento é feito graças à observação em campo realizada por guias de turismo e pesquisadores locais. Durante alguns avistamentos Ousado foi flagrado ao lado de uma fêmea”, completa ele.

 

Foto Destaque: Onça "Ousado" é reintroduzida na mata. Reprodução: Marcelo Tchebes.

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