A participação do crédito no PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro teve um pequeno crescimento, entre agosto e julho de 2022. Segundo informações do Banco Central (BC), divulgada na última quarta-feira (28), os números foram de 54% para 54,3% nesse período de um mês. Porém, mesmo com o pequeno aumento percentual, o aumento do crédito surpreende, já que os elevados juros deveriam desestimular a concessão dos empréstimos.
Volume do crédito aumenta no Brasil. (Foto: Reprodução/ Twitter)
Para Rodrigo Simões Galvão, professor de finanças da Faculdade de Comércio de São Paulo (FAC-SP), a alta procura pelos créditos segue em alta por causa dos impactos da inflação nos negócios e nos salários. Além desse motivo, têm os problemas na cadeia de produção global que resultaram na diminuição da oferta, somada aos desequilíbrios fiscais do Brasil, fazem parte do crescimento do crédito no país em 2022 para o professor.
"Esse volume de crédito alto é um reflexo do nível do caixa das empresas que está baixo ou negativo, e da situação financeira das famílias que está prejudicada. Por isso, mesmo com os juros altos, o crédito ainda é visto como uma solução de curto prazo", disse Galvão em entrevista para a Forbes Brasil.
Entre junho e agosto, o capital de giros das empresas com prazo inferior a 365 dias teve um aumento de 67,9%. Diante dos altos números, Rodrigo Simões Galvão mantém o otimismo para o crescimento econômico: "Muitas empresas já compraram seus estoques para os próximos três meses, as negociações de exportações e importações também já foram definidas, e este ano está praticamente fechado. Os desafios são para o próximo ano", disse o professor.
Dívidas dos brasileiros continuam aumentando. (Foto: Reprodução/ Twitter)
Porém, há um lado negativo no crescimento do crédito: com o cartão de crédito cheio e caixa vazio, as empresas e as pessoas acabam por ficar mais endividadas. Segundo Galvão, as pessoas físicas estão buscando priorizar as dívidas a partir de 2023. Já do lado das empresas, o aumento pode ser um indicativo que, as companhias estão contratando crédito para arcar os custos de curto prazo.
Pode-se dizer que o brasileiro nunca esteve com tantas dívidas como hoje. Atualmente, o comprometimento da renda do cidadão alcançou 28,6% com uma variação positiva de 3,8% no ano, enquanto o endividamento das famílias bateu recordes, com 53,1%, alta de 5,1% no período de 12 meses.
Foto destaque: Aumento de crédito no Brasil. Reprodução/ Twitter.