No início de março, os Estados Unidos causaram impacto nos mercados globais após informarem a proibição total da importação de petróleo da Rússia. Devido isso, em 6 de março, o preço do barril de Brent alcançou o valor de US$ 140 (R$ 679,29), o dobro do que foi registrado em 1º de dezembro de 2021.
De acordo com projeção do Bank of America, um boicote mundial ao petróleo russo pode provocar elevação no valor do barril para US$ 200 (R$ 970,42). Por causa desse cenário preocupante em que o mundo se encontra, está ocorrendo uma busca desenfreada por possíveis substitutos para o segundo maior exportador de petróleo do mundo.
A Rússia fornece cerca de 4,5 milhões de barris de petróleo e 2,5 milhões de barris de derivados por dia ao mercado global. As sanções contra o petróleo de Moscou têm o potencial de causar danos severos à economia russa e causar pressão ao governo de Vladmir Putin a recuar da guerra contra a Ucrânia - metade da arrecadação fiscal vem de tal setor, que é dominado pelas companhias Rosfnet e Gazprom, ambas controladas pelo Kremlin.
Após o anúncio do embargo, as projeções para o PIB (Produto Interno Bruto) da Rússia em 2022 foram revisadas e chegaram a detectar queda de 11%.
A Rystad Energy, empresa independente de pesquisa de energia com sede na Noruega, informou segunda-feira (21) que as partidas de carga bruta dos principais portos ocidentais da Rússia despencaram pelo menos 1,5 milhão de bpd desde o início do conflito. Desde 12 de março, não há relato de partidas.
O Bofa aponta que um boicote mundial ao petróleo russo significaria queda de 5 milhões de barris por dia internacionalmente. (Foto: Reprodução/Forbes)
Para conseguirem amenizar o golpe no curto prazo, os EUA e aliados têm recorrido aos estoques de emergência. A AIE (Agência Internacional de Energia) anunciou, anteriormente à proibição de Washington, que seus 31 países membros iriam liberar cerca de 60 milhões de barris de petróleo de reserva.
O verdadeiro dilema acerca da medida é que nenhum outro fornecedor, nem mesmo qualquer combinação deles, tem capacidade de aumentar a produção com a rapidez suficiente para conseguirem substituir a perda de todas as exportações russas. A demanda por petróleo em nível global está em cerca de 100 milhões de barris por dia.
Por esse motivo, aliados dos EUA ainda estão com receio em impor sanções. Enquanto apenas 3% das importações norte-americanas de petróleo cru vêm da Rússia, a Europa é o maior cliente de Vladmir Putin. Dos 4,5 milhões de barris que o país exporta por dia, mais da metade é destinado à Europa. Além de que um quarto de todas as importações europeias de petróleo vêm da Rússia.
Países como o Reino Unido e o Canadá já se uniram aos EUA e procuram por alternativas de abastecimento que vão desde produtores consolidados, como a Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), até aqueles que exigem negociações delicadas, como Irã e Venezuela. O Brasil também foi abordado sobre a possibilidade de aumentar a produção.
Foto Destaque: Em 22 de março, a ANP informou que o Brasil não conseguiria aumentar a produção de petróleo imediatamente. Reprodução/Click Macaé.
