Motivo de debate entre economistas, a Selic trouxe questionamentos com um possível aumento no mês de setembro. Taxa básica de juros da economia brasileira, se mantém acima dos 10,40% desde fevereiro de 2022. Com o afastamento da inflação em relação à meta estipulada pelo Banco Central - 3% ao ano - existe uma expectativa por parte do mercado que a Selic apresente aumento de até 0,5%. Vale ressaltar que a taxa está em queda desde agosto do ano passado.
Para Solange Srour, diretora de macroeconomia para o Brasil da UBS Global Wealth Management, a alta se justifica por fatores tidos como "fundamentos domésticos" (via InfoMoney):
“Não vejo uma alta de juros como um exagero. Só seria isso se alguns dos fundamentos domésticos estivessem melhores... Temos também uma inflação que é benigna no curto prazo, mas que está piorando na margem. Os agentes estão aumentando as projeções de inflação para este ano".
Motivos para alta
O valor do dólar não é apontado por Srour como único fator de mudança na Selic; nem mesmo uma pressão do mercado devido ao novo BC. A falta de capacidade ociosa - relacionada ao potencial - e a pujança da economia brasileira são aspectos citados pela economista. Ela também acredita que uma precificação que some 0.25 ao atual valor da taxa básica (10,40%) parece o mais justo.
“Mesmo que o câmbio vá para R$ 5,30, isso ainda demandaria uma política restritiva para atingir a meta... “Não acho que o mercado está exigindo algo do BC porque é um BC novo. Os dados demandam”, disse Solange Srour (via InfoMoney).
Em julho, relatório do BC previa Selic em 10.% até dezembro (Foto: reprodução/X/@rvitoria)
Relação com FED
Banco Central dos Estados Unidos, o "Federal Reserve (FED)" terá reunião em setembro para tratar da taxa de juros. Um dos motivos para a alta do dólar e consequente inflação no Brasil é justamente o valor dos juros americanos, que podem começar a sofrer redução a depender da decisão. Inclusive, essa é a expectativa do mercado financeiro. Ainda assim, Srour ressaltou que isso não deve ser decisivo para atitude do BC:
“O BC não pode se prender tanto ao Fed numa situação em que a trajetória de inflação aqui está em risco”.
Após um pico de 13,75% entre 2022 e 2023, a Selic apresenta diminuição ou manutenção de seu valor desde agosto de 2023. Na última sexta-feira (16), o presidente Lula se mostrou descontente com o valor da taxa em entrevista à Rádio Gaúcha, afirmando que sua redução é um compromisso com o povo brasileiro.
Foto Destaque: fachada do Banco Central do Brasil (Reprodução/Rafa Neddermeyer/Agência Brasil)