O Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden) informou que o Brasil está enfrentando a pior seca desde que os registros começaram em 1950. O desastre atinge diretamente 58% do território nacional e é ocasionado pela falta de chuvas, algo que ainda deve perdurar até novembro deste ano.
Diferentes esferas são afetadas pelo fenômeno. O bolso do brasileiro é impactado com o aumento dos preços de alimentos, energia e transportes. Isso é causado pela improdutividade do solo e baixo nível dos rios, que acarretam na baixa geração de energia elétrica e no custo dos combustíveis. Vale ressaltar que o país atravessou outro momento de seca em 2021, quando a gasolina subiu 47,49% e a conta de luz 21,21%.
Causas e consequências
A bandeira tarifária relacionada a conta de luz já foi alterada de verde para "vermelha patamar 1", acrescentando R$ 4,46 no valor de 100 quilowatt-hora. O resultado é decorrente da maior dificuldade com as hidrelétricas, principal fonte de energia no país. Logicamente, existe uma menor quantidade de água no reservatórios. Engenheiro e presidente do Grupo Lux Energia, Gustavo Sozzi pontuou que a situação não deve mudar tão cedo (via G1):
"Esperamos que, a partir do início de outubro, as chuvas retornem ao país com mais intensidade. Mas isso, inicialmente, não significará redução no custo da energia. Precisaremos de uma sequência de alguns meses com boas chuvas para normalizar a situação".
Com produtores prejudicados - especialmente os pequenos sem sistema de irrigação -, a oferta de frutas e legumes é menor e, consequentemente, o preço é maior para o consumidor. O gado e a produção de soja também enfrentam o mesmo problema.
Além disso, insumos também são afetados em seu transporte, o que respinga no preço. Alexandre Maluf, economista da XP Investimentos, aponta que peças de carro, moto e equipamentos eletrônicos são alguns desses produtos. Para ele (via G1), "Isso acaba atrapalhando a oferta de insumos para a indústria no Centro-Sul, principalmente no Sudeste".
Itens de hortifrutis deverão sofrer aumento (Foto: reprodução/Freepik)
Possível aumento da Selic
Com a seca puxando a inflação pra cima, inclusive para além da previsão de 3% do Banco Central, pode existir pressão para manutenção da taxa básica de juros em níveis altos. Hoje, a Selic está em 10,50% ao ano. O economista Alexandre Pires, do Ibmec, aponta para um caminho contrário (via G1):
"Como há uma tendência de os juros norte-americanos caírem, não deve haver um aumento da taxa por aqui. A tendência é que os juros continuem como estão, apesar das pressões inflacionárias".
Dados de julho mostram uma inflação acumulada de 4,5% no período de um ano. O novo percentual da Selic deve ser divulgado após reunião do Copom, que ocorrerá nos dias 17 e 18 de setembro.
Foto Destaque: seca deste ano é maior já registrada (Reprodução/linaberlin/Pixabay)