Na última quarta-feira (03), o Copom, Comitê de Política Monetária, deu mais um aperto nos juros, que subiu 0,50 ponto percentual a taxa Selic, para 13,75% ao ano. Nada de novidade, era exatamente o que o mercado estava esperando.
Entretanto, o que ninguém esperava foi outra coisa. O comitê sinalizou que em breve deve pisar no freio e o próximo encontro poderá terminar com o último ajuste altista deste ciclo que se iniciou no ano de 2021. E o aumento previsto será de menor magnitude, provavelmente 0,25 ponto percentual.
Ainda no pregão de quarta-feira as empresas mais prejudicadas pelo aumento dos juros viveram um dia de valorização com a esperança de que a sinalização do Banco Central fosse neste mesmo caminho. Papéis de varejistas e incorporadoras registraram as maiores altas do Ibovespa.
Já na quinta-feira (05), o movimento foi o mesmo e ainda mais intenso. Após o fechamento, o Ibovespa registrou uma alta de 2,04% frente a elevação de 0,40% na quarta.
Enquanto na quarta a Via e a Magazine Luiza, as duas empresas que mais sairam prejudicadas com a alta da Selic, tiveram alta de 11,49 e 8,12%, respectivamente. Entretanto na quinta, ambas prolongaram os seus ganhos. A Magalu subiu para 13,995 e a Via para 12,60%.
Logo da varejista Via (Foto: Reprodução/ Divulgação/ Via Varejo)
De acordo com Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil Investimentos, os setores de varejo e de tecnologia, além de construção civil são os mais sensíveis às alterações nos juros e por isso tem um dia de forte alta.
“O mercado já está antecipando a reversão da curva de juros, o que é muito benéfico para esses setores por reduzir o custo de capital e melhorar o valuation dessas empresas”, disse Idean.
João Beck, economista e sócio da BRA, explicou que este é um movimento natural do mercado de “recuperar as ações que mais caíram no passado recente”. Além disso, ele ainda sinaliza que parte das altas também correspondem à reversão de operações vendidas.
“Como é que você se desfaz de uma operação vendida? Comprando a ação de volta. Isso gera uma pressão compradora muito forte para essas varejistas e outras ações que estavam tão amassadas”, explicou João.
Outras varejistas como Méliuz acompanhou o movimento, aumentando em 16%, o Grupo Soma subiu em 9% e Petz em 7%.
Incorporadas como MRV e Cyrela apareceram também nos ganhos com altas de 13% e 12% respectivamente.
Foto destaque: Ações da Magalu cresce mais de 10% após reajuste da Selic - Reprodução/ Divulgação/ GKPB