Pela primeira vez no governo Lula, o Copom decidiu por aumentar a Selic, taxa básica de juros da economia brasileira, em 0,25%. Dessa forma, passou a 10,75%. O anúncio foi feito nesta quarta-feira (18) e ocorreu no mesmo dia em que o sistema de bancos centrais nos EUA "Federal Reserve" (FED) divulgou decréscimo de 0,5% na taxa de juros do país. Vale destacar que esse movimento de descida não acontecia desde março de 2020, ainda no início da pandemia.
A escolha dos governos por juros altos durante os últimos anos é uma resposta para conter a inflação, impulsionada devido à Covid-19. No Brasil, a Selic chegou à marca de 13,75% em agosto de 2022, número que se manteve por 12 meses.
Nova alta da Selic
Após o ciclo de queda iniciado em agosto de 2023, a taxa básica de juros do Brasil voltou a subir, com a inflação sendo o principal motivador. O Banco Central visa mantê-la em 3% até o fim do ano. O acumulado desde janeiro é de 2,85%, enquanto nos últimos 12 meses, até agosto, 4,24%.
Existe uma expectativa de que o aumento na conta de luz, provocado pelo período de seca, possa aumentar a inflação. Os gastos do governo resultando em um déficit de R$ 28 bilhões também são mais um motivo. Em falas recentes, o presidente Lula se mostrou contrário às decisões do Banco Central em manter a Selic em alta. Em junho, durante entrevista para a Rádio Meio, criticou a decisão da vez pela manutenção em 10,5%:
"Ele (o sistema financeiro brasileiro) está interessado em especular. É por isso que a taxa de juros fica a 10,5% sem nenhuma explicação, sem nenhum critério."
Juros nos EUA sofrem corte inédito desde 2020 (Foto: reprodução/freepik/Freep!k)
Decisão do FED
Cortando juros pela primeira vez em mais de 4 anos, a justificativa pela medida envolve o atual estado da economia norte-americana. Com a opção dos investidores em alocarem seus recursos de acordo com a taxa, o mercado de trabalho foi afetado e a atividade econômica diminuiu. Ainda assim, a inflação no país de 2,5% ao ano segue acima dos 2% pretendidos pelo FED.
A opção pelo corte de 0,5% foi acima do esperado pelo mercado. Porém, muitos argumentam que foi uma escolha tardia, já que o risco de recessão ainda existe. Além disso, o FED também sinalizou que mais cortes devem ser feitos até o fim de 2024.
Foto Destaque: Selic cresce pela primeira vez desde junho de 2022 (Reprodução/lkzmiranda/Pixabay)