“Eu nunca disse que a luta tinha terminado (...)”, assim diz Elza Soares na introdução de seu novo álbum póstumo “No Tempo Da Intolerância”. Trazendo composições da própria artista, Rita Lee e Pitty, o projeto chegou às plataformas digitais nesta sexta-feira (23).
Em seu novo trabalho, Elza Soares é cirúrgica ao cantar sobre temas como pobreza, feminismo, homofobia, intolerância religiosa e racismo. “(...) Se você é preto, não se iluda meu bem. Entre eles e nós, a lei protege quem?! Se você é preto, coragem, meu bem! Porque o medo da morte leva a vida também (...)”, canta Elza na faixa “Coragem”.
Capa do álbum visual "No Tempo Da Intolerância". (Foto: Reprodução/ Instagram)
Com 10 faixas em sua tracklist, “No Tempo Da Intolerância” segue a mesma linha dos últimos álbum da voz do milênio: “A Mulher Do Fim Do Mundo” (2015/ 2017 – versão remix), “Deus É Mulher” (2018) e “Planeta Fome” (2019); onde a cantora realizou fortes críticas sociais e deu voz àqueles que não tinham voz. Além disso, todas as canções ganharão registros visuais. Isto porque a equipe de Elza utilizou inteligência artificial para retratar a artista em diferentes épocas de sua carreira ao longo do disco.
Embora tenha iniciado sua carreira como sambista, Elza Soares ultrapassou as barreiras do samba e realizou verdadeiras obras primas, mostrando a sua versatilidade ao entoar em ritmos como o rock, rap e música eletrônica, por exemplo. Eclética, a mulher do fim do mundo dividiu os seguintes ritmos ao longo do novo álbum: samba, afoxé, bolero, afrobeat, samba-funk, tango e rock.
Todas as músicas do álbum visual possuem mulheres em sua criação. “(...) Um disco feminino, uma celebração a mulherada, a nós mulheres e tem cada surpresa!”, disse Elza em maio de 2021. Em “Feminelza”, composição de Pitty, Elza ensina sobre o feminismo fazendo perguntas, como no trecho: “Quem você pensa que é para dizer a alguém que pode parir, onde ela deve ou não deve ir?! Quem você pensa que é para dizer a alguém que sabe gerar, o que ela pode ou não falar?!”
Elza Soares durante o DVD "Elza - Ao Vivo No Municipal". (Foto: Reprodução/ Instagram/ Denise Ricardo)
O álbum é o segundo projeto póstumo da rainha africana. O primeiro, foi o audiovisual “Elza – Ao Vivo No Municipal”, de 2022. Inclusive, a cantora venceu a categoria de Melhor Intérprete de Pop/ Rock na 30ª edição do Prêmio da Música Brasileira deste ano.
Elza Soares dizia que teve algumas reencarnações em vida, e “No Tempo Da Intolerância” é mais uma delas. O álbum mostra uma Elza Soares atemporal e à frente de seu tempo cantando sobre as mazelas e temas sensíveis da sociedade, apesar de ter sido finalizado no final de 2021, cinco dias antes de sua morte.
"No Tempo Da Intolerância". (Vídeo: Reprodução/ YouTube)
Em entrevista exclusiva ao Lorena.R7, Rebecca falou sobre a parceria com Elza Soares em “A Coisa Tá Preta” (2020): “Nossa, tanta coisa! Elza é potência, é diva, é pioneira, é tudo e todas, Elza é tanta coisa! Acho que estar ao lado dela significou muito para mim, não só como artista, mas como mulher também. Sou muito grata de ter tido a oportunidade de te esse pedaço de Elza Soares comigo, imortalizado na minha história.” Para ler a entrevista completa, clique aqui.
Foto Destaque: Elza Soares na capa do álbum "No Tempo Da Intolerância". Reprodução/ Instagram
