Já imaginou a sensação de estar na casa de ninguém menos que Harry Styles? Agora você pode! Durante a madrugada de hoje (20) Harry Styles lançou seu terceiro álbum de estúdio, intitulado como “Harry’s House”, conquistando não só o público, mas também a crítica especializada, se tornando sua maior estreia no Metacritc.
Capa oficial do álbum "Harry's House" (Foto: Reprodução/Twitter)
Atemporal e sem um ritmo definido, Harry Styles, em 2017, com sua estreia homônima, trouxe uma diferente visão de si para o mundo. Styles não era mais somente o astro teen que vinha sendo desde os seus 16 anos, na One Direction. Agora, como em um restart, sua primeira aposta solo chegou como um mar para limpar o que conheciam de si, musicalmente falando. Dali em diante, Harry assumiu o risco de não se prender a gêneros musicais e o compromisso de sempre sair da mesmice.
Com “Fine Line”, a tela que o cantor é, já não estava tão em branco. Com claras referências dos anos 70 e 80 e com os hits mundialmente reconhecidos “Watermelon Sugar”, que o garantiu seu primeiro Grammy, “Adore You” e “Golden”, Styles dava pistas do que realmente queria mostrar e se tornar. Ele é quem a indústria fonográfica queria e ansiava por anos a fio, Harry Styles é o astro que querem ouvir, ver e sentir.
Íntimo e confortável como estar em casa. Com o título sugestivo da obra sonora do artista, seu público, ou melhor, o mundo, aguardava algo diferente do extremamente comercial “Fine Line”, álbum que trouxe a ele definitivamente o título de um dos maiores rockstars de sua época, e foi o que recebeu. “Harry’s House” é um respiro calmo aos seus ouvintes, com a mensagem que tudo bem não ser como antes e que não devemos sentir culpa em crescer, mas com o contraste doce de mascar um chiclete em um restaurante de sushi.
As nuances de “Harry’s House” não te permitem se acomodar e cair em devaneios enquanto o ouve. Iniciando com a peculiar e dançante “Music For a Sushi Restaurant”, seguida pela deliciosa “Late Night Talking”, estreada no Coachella, “Grapejuice” com seus sussurros que adentram a alma, e a top #1 global do Spotify por mais de 46 dias, “As It Was”, que transita entre passado e presente. O clima de casa muda de temperatura de forma suave e drástica, ao mesmo tempo, com “Daylight” e suas claras falas sobre drogas como cocaína, continuada pela amável “aberração” de “Little Freak”, em seus versos impossíveis de serem esquecidos com a doçura da voz de Styles dizendo: “Just thinking about you”.
“Matilda”, a faixa mais pesada e reconfortante do álbum, inaugura um novo tom à sequência, como um novo bloco, uma nova onda de nuvens, que, de tempestuosas, vão se transformando e dando origem a um arco-íris no céu escuro. Além do título, a letra remete ao clássico filme de 1996: uma menina que cresceu cedo demais, sem se enxergar como grande coisa e que nunca teve o amor de sua família. Mas o enredo acaba casando com o que muitas jovens mulheres passam e passaram em suas vidas, como se Harry pudesse abraçá-las e dizê-las que não precisam sentir culpa em ir embora e por crescer, e que, sim, elas podem fazer uma festa sem convidar seus familiares, e, sim, elas podem começar uma família que as demonstrem amor. A faixa toca no mais íntimo de cada ser e torna-se difícil a missão de não ceder à emoção enquanto sua letra se desenha na mente.
A “bad” sai de todos os corpos com a nova onda que “Cinema” cria. Com uma pegada sexy e quente, baseada em sexo, drogas, inseguranças e liberdade, traz de volta o fôlego que “Matilda” nos levou embora. “Satellite”, uma das faixas mais completas em melodia e camadas do disco, faz a gentil questão de nos transportar para longe daqui. De início lento e delicado, ela transita para fases dançantes e contagiantes antes de ir para um fim com acordes que nos fazem questionar ser a mesma música de seu início, carregados em bateria e notas altas atingidas com maestria, nos deixando sem rumo quando termina.
A aconselhadora “Boyfriends”, também revelada ao público no ‘Harrychella’, segundo o próprio Harry, é para todos os namorados e para quaisquer contatos com um namorado que tenham tido durante a vida. Com voz e violão, em sua performance ao vivo, já era de se imaginar que sua versão em estúdio seria arrebatadora. A voz firme, limpa e suave do britânico entra em nossas almas e ondula nossos corpos nos dizendo, de maneira delicada, que você continua vivendo uma bela mentira sem nem saber o motivo, presa em seus próprios devaneios de um relacionamento perfeito.
Já “Love of My Life”, canção homônima a um dos maiores sucessos do Queen, foi a intencionalmente escolhida para terminar o tour dentro da casa e do coração de Harry. Com a nostalgia e a certeza: “Baby, você era o amor da minha vida”, Styles narra um amor passado com um clima jovem e ousado de uma paixão ardente marcante, incerta e intensa que toda juventude vivencia. Hotéis usando nomes falsos, voos sem coordenadas e sentimentos antigos trazem consigo o fim do álbum mais seguro, íntimo e confortável de Harry Styles, encerrando a breve turnê por suas dependências, por longos e momentâneos 42 minutos.
Após seis anos desde o fim da One Direction, é quase impossível que seu público consolidado associe sua imagem à da tão querida boyband. Styles pintou-se do zero, como uma tela em branco, e coloriu com suas próprias cores e camadas o seu novo eu artístico, criando o rockstar que o mundo ama ver dançando freneticamente nos palcos e ouvir na tranquilidade de um dia chuvoso. Aos 28 anos, com o “Harry’s House”, o artista britânico atinge um novo patamar em sua carreira, com a segurança de poder inovar e viajar pra longe do óbvio com sua forte base vintage e seu olhar para o futuro, que somente alguém que sabe bem quem se é, tem.
Foto destaque: Harry Styles no photoshoot de “Harry’s House”. Reprodução/Twitter