Música

Crítica: Batidão Tropical Vol.2 e a representatividade de Pabllo Vittar

É inegável a importância de Pabllo Vittar no cenário musical como um todo; com Batidão Tropical Vol.2, a drag maranhense colabora com a quebra do preconceito existente no Brasil

01 Mai 2024 - 17h50 | Atualizado em 01 Mai 2024 - 17h50
Crítica: Batidão Tropical Vol.2 e a representatividade de Pabllo Vittar Lorena Bueri

No último 9 de abril, Pabllo Vittar trouxe finalmente Batidão Tropical Vol.2, tão esperado pelo público. Um álbum repleto de referências e de grande impacto cultural, com Pabllo trazendo muitos artistas que fizeram história no tecnomelody e no forró, e que possui ela desde Batidão Tropical Vol.1 como uma das grandes fontes que impactam musicalmente uma sociedade. 

Maranhão e Pará moram no coração de Pabllo 

Eu nasci no Maranhão, fui criada no estado do Pará, voltei ao Maranhão e sai em busca dos meus sonhos… Não imaginava que poderia honrar essas referências e esses artistas que tanto me inspiravam e inspiram até hoje. O Batidão Tropical Vol.2 vem mostrar as minhas raizes e a minha essência, que tanto se misturam com outros ritmos que eu amo e que sempre vão estar presentes nos meus trabalhos, não importa aonde esteja!", é assim que Pabllo Vittar descreve Batidão Tropical Volume 2.

Pabllo Vittar nasceu na região nordeste, no Maranhão, porém a artista bebe muito da fonte das canções nortistas justamente por ter vivido 13 anos de sua vida no Pará. O que analisaremos é como Pabllo conseguiu representar perfeitamente no Batidão Tropical Vol.2 as referências tanto da região norte quanto da região nordeste, assim como ela já vinha fazendo com várias músicas ao longo de sua carreira, como por exemplo no Batidão Vol.1 em "Triste com T", "Ama Sofre Chora" e "A Lua". 

Para isso, vamos iniciar a caminhada atravessando pela história do tecnomelody e do forró.

Mas o que é o tecnomelody? 

O tecnomelody teve sua origem em Belém do Pará nos anos 2000, com a mistura da música eletrônica com a música pop e também gêneros regionais como o calypso, o brega e o carimbó, utilizando sintetizadores e caixa de ritmo.

Representando a região norte, em seu álbum Pabllo trouxe grandes expoentes do tecnomelody. Como por exemplo Joelma, na regravação de Pra Te Esquecer, da banda Calypso, Gaby Amarantos em “Não Vou Te Deixar”, Marcos Maderito, que fez parte da banda Gang do Eletro, em “Não Desligue o Telefone”. E não para por aí, porque ela também regravou uma canção da Companhia do Calypso, a “Nas Ondas do Rádio”, e também "Ai Ai Ai Mega Príncipe", da Banda Batidão, que teve Manu Bahtidão como uma das vocalistas na época, e "Rubi", da Banda Ravelly, ao lado de Will Love, que é da banda Gang do Eletro.

Em entrevista recente para a Folha, a cantora afirmou que o tecnomelody está para o Pará assim como o funk está para o Rio de Janeiro: “O gênero já foi muito marginalizado, ainda é. Mas, graças a Deus, há artistas que levam esse som para outros lugares”, disse.


Visualizer de "Nas Ondas do Rádio" (Reprodução/Youtube: Pabllo Vittar)


O que é fazer o P? É o P de Pabllo? 

Mas a pergunta que não quer calar, o que é fazer o P? É o P de Pabllo? Primeiramente, vou explicar o que é uma aparelhagem: elas são uma grande manifestação cultural de Belém do Pará.

Responsáveis pela sonoração festiva em elas surgiram no Pará mesmo, nos anos 40, com grandes nomes como a aparelhagem "Crocodilo, o Animal", a "Rubi, o Lendário", "Super Pop", "Meteoro, o incomparável" e "Ciclone, o Furacão do Som" e "Mega Príncipe Negro". Em 2022, por exemplo, elas foram consideradas patrimônio cultural imaterial do estado do Pará.

Pabllo fez referência a uma festa de aparelhagem de Belém do Pará, a festa do Mega Principe Negro. Comandada pelos DJs Edilson e Edielson, a grande motivação da festa era justamente essa: manter a energia lá no alto, e por isso o termo utilizado é esse. Então fazer o P, mas fazer o P de que? ISSO MESMO, DE PRÍNCIPE.


Visualizer de "Ai Ai Ai Mega Príncipe" (Reprodução/Youtube: Pabllo Vittar)


O que é o forró? 

Com sua origem no nordeste brasileiro, em Pernambuco, o forró tem relação com os bailes populares realizados no século 19 e que eram chamados de forrobodó, forrobodança ou forrobodão. Pabllo trouxe também referências fortíssimas como Taty Girl, cantora que passou por bandas como Forró Real e Solteirões do Forró, sendo assim, as duas cantaram juntas na música "Falta Coragem". Pabllo também trouxe uma regravação da Banda Magníficos na canção  “Me Usa”.


Visualizer de "Me Usa" (Reprodução/Youtube: Pabllo Vittar)


Forró, dança e Luiz Gonzaga

A própria maneira de dançar forró não é a toa, já que o chão não tinha nenhum revestimento, ou seja, só tinha terra. Por este motivo, as pessoas dançavam arrastando o pé para evitar que a poeira subisse, e é daí que derivou-se o termo arrasta-pé ou rasta-pé.

O gênero musical passou a ser chamado assim apenas no ano de 1950, pois no ano anterior, Luiz Gonzaga lançou a canção “Forró de Mané Vito”, que foi produzida com Zé Dantas. Em 1958, mais uma canção de Gonzaga faria sucesso, “Forró no Escuro”. Posteriormente, o forró viria a alcançar uma dimensão ainda maior com a vinda dos nordestinos para outros estados do Brasil, nos anos 1960 e 1970.

Nós temos até uma data específica para comemorar a apreciação do forró, sendo ela no mesmo dia de nascimento de Luiz Gonzaga, no dia 13 de dezembro.  Vale a pena destacar que além de Luiz Gonzaga, também houveram muitos representantes do forró posteriormente, como Dominguinhos, Sivuca e Jackson do Pandeiro, que levaram no futuro a grandes talentos como a banda Calcinha Preta, a Banda Magníficos, Taty Girl e Aviões do Forró (que impulsionou ainda mais os nomes de Xand Avião e Solange Almeida).

Conquistas com Batidão Tropical Vol.2

Fato é que Batidão Tropical Volume 2 chegou chegando com mais de 4,7 milhões de streams nas suas primeiras 24 horas no Spotify. Com isso, Pabllo Vittar conquistou o feito de ter a maior estreia de um álbum nacional em 2024. Ela emplacou cinco faixas do álbum no Top 50 da plataforma, sendo elas "Pra Te Esquecer" (#29); “Rubi” (#33); “São Amores” (#34); “Idiota” (#38); e “Me Usa”(#41).

Dentre os visualizers da artista, o que obteve mais visualizações foi “Idiota”, que alcançou 206 mil visualizações em 12 horas. Das catorze faixas, 3 ainda estão bloqueadas e foram substituídas por um áudio da Pabllo, e ainda assim também entraram na lista do top 200 do streaming. Segundo ela, em entrevista dada para a Folha, a intenção é de que o álbum seja degustado devagar, pois não pode se dar tudo.

Além disso, ela quis fazer com que seus fãs se sentissem mais próximos dela, como se ela estivesse cantando a musica especialmente para eles - como em uma rádio, já que a própria Pabllo afirmou que cresceu escutando aos seus artistas preferidos em uma rádio.


Capa de "Batidão Tropical Vol.2" (Reprodução/Instagram/@pabllovittar)


Honrar as raízes

Logo com o lançamento do primeiro volume de Batidão Tropical, a Pabllo afirmou para o Papel Pop o quão orgulhosa ela é por trazer todas essas referências em cada trabalho: "Desde o começo, todos os meus trabalhos tem algumas releituras do norte e do nordeste porque, baby, this is me! Espero muito que essas bandas que utilizo como referência ganhem mais espaço, porque é isso: eles abriram portas para mim. Estou abrindo uma janela, sabe? Eu fico muito feliz de poder fazer esse trabalho!"

Sim, Pabllo Vittar sai da caixa mais uma vez e que prova que drag queens não cantam só música pop. Ela trouxe muita história e todas as suas raízes em todas as regravações, como pudemos ver em todas as canções e feats que ela trouxe até o momento.

Quebrando todas as barreiras, Pabllo Vittar é uma drag nordestina e que tem o trabalho repleto de muita cultura. Contamos com Pabllo Vittar como a grande potência vocal que amplifica ainda mais esses gêneros musicais, tanto o tecnomelody quanto o forró, permitindo ainda mais que o tecnomelody e o forró possam ser admirados também pela geração atual e pelas próximas que virão.

Avaliação final: a nota desta colunista para Batidão Tropical Vol.2 é 10.

 

Foto destaque: Pabllo Vittar (Reprodução/instagram/@pabllovittar)

 

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