Entraram em vigor nesta quarta-feira (4), à 1h01 (horário de Brasília), as novas tarifas de 50% sobre produtos de aço e alumínio importados pelos Estados Unidos. A medida foi determinada por decreto do presidente Donald Trump e representa o dobro da tarifa anterior, de 25%, que estava em vigor desde fevereiro.
As novas tarifas atingem diretamente o Brasil, que hoje é o segundo maior fornecedor de aço ao mercado norte-americano, atrás somente do Canadá. Em 2024, o Brasil exportou US$ 4,677 bilhões em produtos do grupo "aço e ferro" para os EUA, o equivalente à cerca de 15% das importações norte-americanas nesse segmento. No chamado “código 72” do sistema harmonizado que engloba produtos como ferro fundido bruto e aço semimanufaturado, o Brasil é líder em vários itens.
O presidente norte-americano comemorou o aumento das tarifas em suas redes sociais. “É uma grande honra para mim aumentar as tarifas sobre aço e alumínio de 25% para 50%. Nossas indústrias estão se recuperando como nunca. Esta será mais uma GRANDE notícia para nossos maravilhosos trabalhadores do setor”, escreveu Trump.
Taxas dos EUA de 50% sobre aço e alumínio entram em vigor; Trump assinou decreto ontem à noite. #ConexãoGloboNews
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Nova medida dos EUA impacta exportações brasileiras (Vídeo: reprodução/X/@Globonews)
Alckmin reage
O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), liderado por Geraldo Alckmin, afirmou que o governo brasileiro tem apostado no diálogo como principal caminho para reverter a decisão. Em março, Alckmin já havia classificado a tarifa de 25% como “equivocada” e defendeu uma abordagem de negociação: “Se for olho por olho, todo mundo fica cego. O caminho no comércio exterior é o ganha-ganha”.
O presidente Lula também manifestou intenção de buscar diálogo com os EUA, mas sem descartar medidas de retaliação ou uma ação formal na Organização Mundial do Comércio (OMC), caso as tratativas diplomáticas não avancem.
Relação comercial
Apesar da medida não valer para o Reino Unido, que fechou acordo comercial com os EUA, outros países, incluindo o Brasil, foram diretamente impactados. Segundo o governo americano, o objetivo é reforçar a proteção à indústria siderúrgica nacional e fechar brechas para importações via terceiros países.
Embora os EUA sejam um importante destino para o aço brasileiro, respondendo por quase 48% das exportações do setor em 2024, o Brasil ainda tem pouca participação no mercado norte-americano de alumínio e partes metálicas, com fatias de 1% e 0,6%, respectivamente.
As tarifas de Trump, que afetam um volume superior a US$ 100 bilhões em importações por ano, elevam a tensão comercial entre os dois países e acendem alerta entre siderúrgicas e autoridades brasileiras.
Foto Destaque: Donald Trump em uma siderúrgica (Reprodução/X/@Sagrancarvalho)