Em constante processo de reinvenção, Allan Souza Lima se lançou recentemente em uma nova jornada no México, motivada pela sede cultural e também de olho na força do mercado latino-americano e internacional. O ator se encontra no país neste momento, ainda sem data para retornar.
Nesse novo capítulo, tem se dedicado ao aprofundamento de sua carreira como ator, também investindo em cursos e aprimorando a fluência no espanhol.
A decisão coincide com um momento singular em sua carreira: o encerramento das rodagens do longa-metragem "Lusco-Fusco", obra que resgatou seu vínculo com o cinema independente, logo após protagonizar um dos papéis centrais no streaming da Amazon. A trama, que aborda temas como a força de conexões inesperadas, o fez adentrar, na pele de Matias, em um universo narrativo que ele define como "cult não por ser hermético, mas por exigir um olhar disposto a se perder e se encontrar nas entrelinhas".
Allan Souza Lima (Foto: reprodução/divulgação)
“Há uma liberdade no cinema independente que não cabe no mainstream. É uma arte que não tem qualquer receio de causar incômodo, nem compromisso de ser rápida ou dinâmica, e nem de deixar perguntas sem respostas claras. Fazer esse filme foi como um retorno à essência de por que escolhi ser ator: pela possibilidade de abordar a experiência humana sem as amarras do mercado. No cinema independente, a narrativa não precisa ser palatável, nem seguir fórmulas; ela pode ser um reflexo das contradições da vida, um espaço onde a arte pode respirar sem pressões externas. É ali que, muitas vezes, as histórias mais subversivas e autênticas nascem, onde a liberdade criativa transcende qualquer desejo de aprovação, e o foco está no impacto emocional”, conta.
Enquanto se adapta à vida na Cidade do México, onde tem frequentado workshops e se conectado com artistas locais, Allan também aguarda a continuação de “Cangaço Novo", série do Prime Video na qual interpreta o protagonista Ubaldo — personagem que carrega consigo parte do Brasil do século XX. O sucesso internacional da produção, baseada em fatos reais, o enche de orgulho, mas também provoca reflexões: "Ver nossa história sendo assistida e discutida pelo país afora prova que o que é genuíno transcende fronteiras. O cangaço não é só um capítulo do Nordeste brasileiro; fala de rebeldia e de condutas extremas mas também do reflexo de injustiças, de luta anti-sistêmica — temas que qualquer latino-americano reconhece, pela vivência”.
Allan Souza Lima (Foto: reprodução/divulgação)
E é essa consciência que o motiva a defender uma maior integração cultural na América Latina: "Somos tantos países, mas compartilhamos várias dores e belezas parecidas. Por que não nos unimos mais? Por que não trocamos mais experiências, coproduzimos mais, criamos juntos? O México, assim como o Brasil, tem uma cultura vibrante, que resiste apesar de tudo. Estar aqui me faz reafirmar uma conexão que fica ainda mais latente através de todas as formas de expressão que envolve casa manifestação artística", conclui.
Foto destaque: Allan Souza Lima (reprodução/divulgação)