Quando começa uma traição? Qual é o limite entre o desejo e a infidelidade? Flertar na internet tem o mesmo peso que consumar um ato sexual? Sem respostas, mas muitas perguntas, esses são questionamentos iminentes no novo filme de Julia Rezende, estrelado por Letícia Colin, Dan Ferreira, Bárbara Paz e Túlio Starling. “A Porta ao Lado” mostra a dualidade entre o amor mono e poligâmico, mas principalmente a cumplicidade e a valorização do prazer feminino. Em coletiva de imprensa na tarde de hoje (06), em que a equipe Lorena.R7 esteve presente, o elenco, a diretora e o produtor Tiago Rezende contaram sobre os personagens, ambientes e tudo que torna o longa tão delicado.
Além do espaço geográfico, os apartamentos literalmente porta a porta, que Tiago Rezende, o produtor, salientou a importância, a desconfiança se faz um personagem presente na trama. Perguntados sobre quando começa uma traição, Julia, Bárbara e Dan deram pontos semelhantes de vista.
“Essa é a pergunta de um milhão de dólares. O reverso da moeda da traição é o desejo. Eu acho que o filme é sobre isso. Sobre o quanto a gente deveria não corresponder aos nossos desejos em função dos acordos que a gente fez”, começa Julia Rezende. “É muito subjetivo, cada casal vai estabelecer qual é o seu acordo. O filme vai, mais do que olhar pelo lado da moeda da traição, [vai] olhar pelo lado do desejo e do ímpeto.”, finaliza a diretora.
Já Bárbara Paz, acredita que “A traição começa realmente na falta de lealdade. Quando você deixa de ser leal ao companheiro. Essa decisão é dos dois, do casal.”
Assista ao trailer oficial de "A Porta ao Lado" (Reprodução/YouTube)
Embora se complementem na trama, os protagonistas Mari, Rafa, Isis e Fred são completos mesmo de maneira individual, e bem diferentes de seus intérpretes. Para Bárbara Paz, sua única semelhança com sua personagem (Isis), é o lado solar da personalidade. A capacidade de se manter bem diante situações difíceis.
“Mas eu sou completamente diferente da Isis, porque eu sou uma pessoa muito romântica, muito de dois. Sou muito leal à relação a dois.”, completa Paz.
Para Túlio, ele conhece melhor as suas vulnerabilidades que Fred, mas que os dois se aproximam na busca de propósitos não óbvios para viverem. Segundo o ator, o personagem tem uma grande contradição, que é achar que essa autonomia emocional dele é maior que de fato, ela é.
Já Dan, afirma que entre ele e Rafa, as semelhanças são apenas físicas, mas que aprendeu muito com o papel: "A gente é bem diferente, mas ao mesmo tempo, ele é um personagem que me ensinou muita coisa. O Rafa me ensinou muito sobre o valor da verdade. Eu sou incapaz de identificar alguma coisa que vai tocar a minha sensibilidade e não me debruçar sobre aquilo, não falar, questionar sobre a questão. E o Rafa está sempre na iminência de falar alguma coisa. (...) Quando você é fiel ao acordo que você estabeleceu, e fiel ao ponto de se mostrar aberto à pessoa pra falar: 'Alguma coisa mudou aqui. Vamos repensar o nosso acordo?' Isso é um nível de relação de condução de relacionamento que eu julgo saudável. O Rafa me alertou muito sobre isso.”
Letícia Colin se identifica com a coragem de Mari, e vê beleza nisso: “A Mari tem a ousadia, a coragem de dizer sim pro próprio desejo. Eu também tenho essa ousadia na vida. Às vezes até inesperadas pra mim mesma. A Mari se surpreende com o ato que ela tem. Isso é muito bonito e poderoso.”
Sem rivalizar mulheres, valorizando seu prazer, suas vontades, a beleza e a força de cada uma, “A Porta ao Lado”, dirigido por uma mulher, tem a delicadeza de indagar e provocar o pensamento. Será que a grama do vizinho é sempre mais verde? O longa estreia nos cinemas do Brasil no dia nove de março, com produção de Mariza Leão e Tiago Rezende, co-produção do Telecine e distribuição da Manequim Filmes.
Foto destaque: Dan Ferreira, Letícia Colin, Túlio Starling e Bárbara Paz em “A Porta ao Lado”. Divulgação/ Desiree do Valle.