Em uma noite desastrosa na Venezuela, o Vasco teve uma atuação para esquecer. Ou talvez para lembrar e nunca mais repetir. O Cruzmaltino teve muita dificuldade no Estádio Misael Delgado e saiu de campo goleado por 4 a 1.
Na espera pelo novo treinador (a equipe tem negociação avançada com Fernando Diniz), os cariocas tiveram novamente Felipe Maestro à beira de campo. O comandante escalou uma equipe com 3 volantes de ofício, com apenas Coutinho como armador e optou por Rayan e Vegetti no ataque, descansando Nuno Moreira.
Apesar da tentativa de proteger as laterais, com Tchê Tchê e Matheus Carvalho cobrindo PH e Píton, respectivamente, o Vasco se mostrou muito frágil defensivamente e foi presa fácil do Puerto Cabello, que era (até então), o lanterna do grupo na Sulamericana.
O resultado não apenas dificultou a vida vascaína na disputa pela vaga direta às oitavas (só o 1° colocado avança diretamente), como entrou para a história do clube e do futebol brasileiro de forma negativa. O Vasco foi o primeiro time brasileiro a sofrer 4 gols de uma equipe venezuelana na história das competições sul-americanas.
Primeiro tempo
O jogo começou movimentado e a equipe da casa tomou a iniciativa. Aos 4 minutos, após falta cometida por Lucas Piton, Dimas cobrou fechado e Hugo Moura fez corte providencial para evitar a chegada de Paredes.
Os venezuelanos continuaram em cima e finalizando com Padrón e Dimas aos 11 e 12 minutos, respectivamente. Apesar da insistência, faltava pontaria aos donos da casa.
O Vasco tentou colocar a bola no chão para começar a incomodar a equipe mandante. O talento de Coutinho e a velocidade de Rayan eram as principais armas para escapar nos contra ataques.
Com a bola, Hugo Moura se juntava aos dois zagueiros para liberar Piton e PH para atacar pelas laterais. Sem a bola, Felipe Maestro definiu um 4-4-2 bem desenhado, com Rayan e Vegetti marcando na primeira linha e Coutinho recuando para ajudar os 3 volantes na composição do meio campo.
A primeira boa chegada cruzmaltina aconteceu apenas aos 21 minutos, em sua principal arma na temporada. Coutinho acelerou a jogada e achou Piton, o camisa 6 cruzou para Vegetti que ganhou da zaga e cabeceou no canto, mas Romero foi buscar.
A resposta dos donos da casa veio na mesma moeda e apenas dois minutos depois. Guerrero atacou as costas de Lucas Piton e cruzou na cabeça de Padrón que obrigou Léo Jardim a fazer uma grande intervenção para salvar o Vasco.
A pressão era grande e, aos 25 minutos, a defesa vascaína cometeu um erro fatal. Como já havia acontecido contra o Palmeiras no fim de semana, Hugo Moura se enrolou na saída e cometeu pênalti em Dimas. Na cobrança, Paredes deslocou Léo Jardim e abriu o placar para o Puerto Cabello: 1 a 0.
Atrás no placar e precisando da vitória, o Vasco se viu obrigado a atacar mais. Consequentemente, os espaços para o time da casa começaram a ficar mais evidentes.
Aos 33 minutos, Tchê Tchê errou passe no meio campo e, com a zaga vascaína aberta, o Puerto Cabello quase ampliou. Linares chegou até a linha de fundo e cruzou rasteiro. A bola atravessou toda a área e encontrou Guerrero completamente livre para finalizar, mas Léo Jardim, novamente, apareceu para evitar o pior para o time carioca.
E no futebol, a frase "quem não faz, leva" costuma aparecer com frequência.
Pouco criativo, o Vasco contou com a bola parada para marcar. Aos 38 minutos, Piton cobrou falta e encontrou João Victor na área, o zagueiro testou para baixo e tirou Romero da jogada. Tudo igual ao final da primeira etapa, em Valência: 1 a 1.
Segundo tempo
Se o gol no final do primeiro tempo poderia dar um novo ânimo ao Vasco na etapa final, a volta do intervalo mostrou o oposto.
Desligada, a equipe carioca cedeu completamente à pressão inicial do Puerto Cabello. E, logo aos 4 minutos, após cobrança de escanteio, Paredes escorou para Padrón que, com seus 1,59m de altura, subiu sozinho para tirar de Léo Jardim e recolocar os venezuelanos na frente: 2 a 1.
Felipe Maestro tentou oxigenar o time para buscar o empate. Aos 10 minutos, sacou Tchê Tchê e Matheus Carvalho para colocar Paulinho Paula e Nuno Moreira.
Contudo, as mudanças não surtiram o efeito esperado. Exposta, a defesa vascaína foi presa fácil do ataque venezuelano. Aos 15 minutos, Dimas achou Guerrero na entrada da área, o camisa 20 do Puerto Cabello percebeu o espaço cedido por Luiz Gustavo, finalizou sem chances para Léo Jardim e ampliou o placar no Misael Delgado: 3 a 1.
A falta de criatividade era o principal adversário do Vasco para tentar diminuir o prejuízo. A única arma cruzmaltina na partida era a bola parada buscando Vegetti, mas nem sempre surtia efeito.
Enquanto o setor ofensivo se mostrava inoperante, a fragilidade defensiva deixava a vida do Gigante da Colina ainda mais difícil e logo aos 20 minutos, a Academia Puerto Cabello deu o "tiro de misericórdia" nos cariocas.
Paulo Henrique e Hugo Moura se atrapalharam na entrada da própria área e deixaram a bola nos pés de Padrón. O baixinho achou Paredes que encheu o pé e tirou completamente do camisa 1 vascaíno para fechar a conta na Venezuela: 4 a 1.
Sem forças para reagir, o Vasco pouco incomodou os venezuelanos. Felipe Maestro tentou dar mais ímpeto ao time com Puma Rodriguez e Garré nos lugares de Paulo Henrique e Coutinho, mas o estrago já estava feito.
Coube ao Puerto Cabello apenas administrar a vantagem até o apito final e se colocar de vez na briga pela classificação para o mata-mata.
No apito final, os danos do resultado foram muito além da pontuação. Além de ver o adversário se colocar na luta pela vaga, o Vasco viu seu saldo de gols cair consideravelmente (de +1 para -2) e deixar o torcedor vascaíno ainda mais preocupado com o desempenho da equipe.
Puerto Cabello 4X1 Vasco melhores momentos (Vídeo: reprodução/YouTube/ESPN Brasil)
Em entrevista pós-jogo, o capitão Vegetti resumiu a partida com apenas uma palavra: "Vergonha". O camisa 99 se desculpou com a torcida vascaína e prometeu trabalho para melhorar nos próximos jogos.
Calendário
Ao Vasco, restou juntar os cacos e olhar para o Campeonato Brasileiro. A equipe carioca viaja até Salvador no próximo sábado (10) para encarar o Vitória, às 18h30min (de Brasília).
Pela Sulamericana, o próximo compromisso será na próxima terça (13) e novamente fora de casa. O Cruzmaltino viaja até Buenos Aires para enfrentar o Lanús (líder da chave) em um jogo que pode ser decisivo para a classificação.
Foto destaque: Nuno Moreira não conseguiu passar pela defesa do Puerto Cabello (Reprodução/X/GE)