O ex-jogador Ricardo Oliveira, fala com muito orgulho e amor dos duelos antigos entre Santos e Palmeiras. Em entrevista ao GE, o ex-centroavante declara: "Se eu pudesse, viveria tudo de novo. Faria igual. Eu representava o torcedor dentro de campo, fazia gol, comemorava. Não abaixava a cabeça, não pipocava. Eu gostava desse ambiente. Futebol é gostoso, é prazeroso, por isso. Te dá a chance da revanche, de fazer diferente".
O ídolo encerrou sua carreira no ano passado, e foi dele o gol do último título do clube santista, no Paulistão de 2016 contra o Audax, após eliminar o Palmeiras na semifinal estadual. Nos dias atuais, a torcida dele será pelo título alvinegro. O ex-jogador disputou diversos clássicos entre os anos de 2015 e 2017 e foi decisivo em algumas partidas. Em 2017, o gol da única vitória do Peixe no Allianz Parque foi de Oliveira.
Ricardo também comentou sobre a final da Copa do Brasil, um dos confrontos mais impactantes de sua carreira. A partida é lembrada pelas máscaras usadas por jogadores do Palmeiras com a ¨careta¨ que o ex-jogador costumava fazer ao comemorar seus gols. Ele disse que as provocações fazem parte do futebol e que essa comemoração ele via como saudável, além de que a situação ficou no campo e que nunca ninguém veio fora de campo. Também afirmou que jogar contra o Palmeiras era um jogo diferente e que gostava bastante desses confrontos. O ídolo santista tem amigos rivais dessa época até hoje, e completou dizendo que sente falta desse ambeinte e de ser o alvo.
A rivalidade com Prass
Ricardo, além de ser alvo geral do Palmeiras, individualmente era personagem de um duelo contra o adversário alviverde Fernando Prass, ex-goleiro do Palmeiras.
Ele comenta sobre a rivalidade de maneira respeitosa: "Eu era odiado pela torcida do Palmeiras e o Allianz era um campo hostil. Era o momento de mostrar que eu estava pronto para isso. Sou apaixonado por futebol e acredito que tenha conseguido mostrar competência e respeito ao mesmo tempo. Cito Prass, que foi um bom combatente. Um bom opositor, leal, corajoso. Nós dois tínhamos uma competição diferente. Um querendo bater o outro, existia provocação, típico de um clássico que virou o maior naquela época. Sinto falta".
Sacrifícios em campo
O ex-centroavante é visto como o heroí do último título do Santos, conquistado em 2016 contra o Audax, visto que disputou a partida sem treinar e mesmo assim obteve um ótimo desempenho.
"Os bastidores desse jogo foram um martírio. Na ida, pisei num buraco no campo, tive uma torção no joelho e, após exames, foi constatada uma lesão na cartilagem. Fiz fisioterapia, punção, bicicleta, me doei ao máximo, mas não pude treinar. Zogaib falou que não iria me liberar sem treino, mas pedi esse voto de confiança, pelos meus anos de carreira. No sábado (véspera do jogo), fui fazer o rachão e fiz aquecimento e não consegui seguir. Sentei do lado do Dorival e disse: 'falei com Zogaib, quero que você saiba que amanhã eu vou para o jogo. Não sei quantos minutos, mas vou jogar. Eu quero estar no campo e eles precisam de mim'" relembrou Oliveira.
Na entrevista, Ricardo também comentou de não se lembrar de ter jogado sem dor, mas lembra-se se sempre ter esgotado tudo o que tinha para dar na partida e que ser campeão e protagonista compensavam todo o sofrimento. Vale ressaltar que a decisão aparentemente imprudente de Oliveira para jogar essa partida relembrada acabou se tornando tema de palestra para Zogaib nos anos seguintes. Ricardo diz que Zogaib o chamou de grande líder e que sua paixão era contagiante.
Ricardo Oliveria machucado em partida do Campeonato Brasileiro 2017 (Foto: reprodução/Getty Images Embed)
Dias atuais
Por estar exausto mentalmente depois de tanta entrega dentro dos campos, Ricardo se aposentou no ano passado.
Hoje em dia, atua em um projeto de atendimento social a jovens de 7 a 18 anos e um curso executivo de futebol na CBF: "Estou descobrindo novos potenciais, tenho responsabilidades sociais como pessoa pública, como alguém que venceu ao sair da pobreza. Como alguém que foi leal, que não se rendeu. Para mim, nunca foi suficiente só jogar futebol. Tenho compromisso em ser exemplo, contagiar pessoas, gerar sonhos nos corações jovens. Abri um projeto social recentemente e estou lá de terças e quintas. Dou treino. Estudo futebol. Vou fazer 44 anos e entendo que tem muita coisa pela frente, novos sonhos, novos desafios. Além de poder estar mais em casa. Levar meu filho para escola e ver minha esposa poder ter o empreendimento dela, criar meus filhos para a vida e aplaudi-los de perto", comentou o ex-centroavante.
No ano passado, o Santos foi rebaixado, cenário que, na época em que jogou pelo Santos, era inimaginável. Porém, Oliveira tem esperanças no time que jogou entre 2015 e 2017. Ele admite que o Palmeiras tem o maior vencedor do Brasil como técnico e a torcida a seu favor, mas o Santos abriu vantagem, tendo assim condições totais de ser campeão paulista.
Foto Destaque: Ricardo em partida contra o Corinthians na Vila Belmiro (Reprodução/Getty Images Embed)