Nesta segunda-feira (03), a prefeitura de Paris veio a público para informar que não vai organizar eventos ou dispor de telões na cidade para transmitir os jogos da Copa do Mundo. A decisão é um ato de protesto contra o Catar, país sede do campeonato internacional, e conta com o apoio de cinco cidades francesas, sendo essas: Lille, Estrasburgo, Reims, Bordeaux e Marselha.
Pierre Rabadan. (Foto: Reprodução/Twitter)
Pierre Rabadan, Secretário de Esportes de Paris, justificou a decisão para a agência AFP (Agence France-Presse) como sendo devido a “condições da organização deste Mundial, tanto na vertente ambiental como social”. O ex-jogador de rúgbi também pontuou o fato de a Copa ser em dezembro.
Pierre Hurmic, prefeito de Bordeaux, teve como argumentação o fato de que ele teria se sentido cúmplice, devida violações de direitos humanos pelo Catar, caso autorizasse as transmissões em telões nas áreas públicas pela cidade.
‘’Comprometidos com os valores do compartilhamento, da solidariedade no esporte e da construção de um lugar mais sustentável, não podemos contribuir para a promoção da Copa do Mundo de 2022 no Catar, que se tornou um desastre humano e ambiental’’ – disse Hurmic.
Curioso e pouco citado, é o fato de que as decisões seguem uma série de posicionamentos contrários à realização da Copa do Mundo no Catar, sendo esses posicionamentos vindo de entidades internacionais e até mesmo seleções. De acordo com a ONG Anistia Internacional, durante as construções de estádios para o evento, foram cometidos abusos trabalhistas; milhares de trabalhadores imigrantes haviam ficado sem retorno salarial, como também proibidos de trocar de emprego. Tudo isso sem a possibilidade de montar uma banca de protesto, como sindicatos.
No mais, existe a suspeita de que houve mortes prematuras dos trabalhadores, que não foram adequadamente investigadas e não houve compensação familiar. Através do jornal Guardian, foi levantado que 6 mil pessoas morreram direta ou indiretamente nas obras do Mundial de Futebol desde 2010, quando o país foi escolhido.
O Supremo Comitê para Entrega e Legado, que organiza a Copa do Mundo no Catar, em um comunicado contra a fornecedora de material esportivo da Dinamarca, foi contrário a posição de protesto: ‘’rejeitamos a banalização de nosso compromisso genuíno de proteger a saúde e a segurança de 30 mil trabalhadores que construíram os estádios da Copa do Mundo e outros projetos do torneio’’.
O comitê ainda ainda indicou que o avanço nessas questões se dão e são compromisso do governo de Catar e se estende a 150 mil trabalhadores que estarão atuando durante a Copa do Mundo, nos mais diversos serviços, e 40 mil outros trabalhadores que estarão no setor de hospitalidade.
Foto Destaque: ''Al-Rihla'' bola oficial da Copa do Mundo 2022. Foto: Divulgação/Instagram.