A ministra do Esporte, Ana Moser, tomou posse há menos de uma semana e já causou polêmica em entrevista ao UOL, nesta terça-feira (10). Ela não considera o esporte eletrônico um “esporte raiz” e, por isso, não investirá no setor. A ex-jogadora de vôlei entende que os games fazem parte exclusivamente da indústria de entretenimento:
— A meu ver, o esporte eletrônico é uma indústria de entretenimento, não é esporte. Então, você se diverte jogando videogame, você se divertiu. "Ah, mas o pessoal treina para fazer". Treina, assim como o artista. Eu falei esses dias, assim como a Ivete Sangalo também treina para dar show e ela não é atleta da música. Ela é simplesmente uma artista que trabalha com entretenimento. O jogo eletrônico não é imprevisível. Ele é desenhado por uma programação digital, cibernética. É uma programação, ela é fechada, ela não é aberta, como o esporte.
Ana Moser, ministra do Esporte — Mauro Pimentel/AFP
Moser salienta que o Ministério do Esporte não investirá nos eSports — termo utilizado para classificar modalidades competitivas nos jogos virtuais. Ela lembra, inclusive, que lutou no Senado para que o conceito de esportes não incluísse os esportes eletrônicos:
— A questão do esporte eletrônico a nível federal ainda não é uma realidade. Não tenho essa intenção [de investir nisso]. No meu entendimento, não é esporte. A gente lutou, no ano passado, eu na minha vida pregressa, a frente da Atletas pelo Brasil, a gente fez uma ação muito forte junto ao Legislativo para o texto da Lei Geral [do esporte] não ser aberto o suficiente para poder ter o encaixe dos esportes eletrônicos. O texto está lá protegendo o esporte raiz. Na definição de esporte, tinha sido dado uma abertura que poderia incluir esporte eletrônico, e a gente fechou essa definição para não correr esse risco. Lógico, risco sempre acontece, e é um trabalho constante.
O projeto de lei ainda está em discussão no Senado.
Competição de eSports — Foto: Reprodução/Games Magazine Brasil
A comunidade gamer se mostrou extremamente insatisfeita com a declaração da ministra, que faz o caminho inverso da tendência mundial. No ano passado, o presidente da França, Emmanuel Macron, declarou que pretende dar mais espaço para os jogos eletrônicos nas Olimpíadas de Paris 2024. No Brasil, a modalidade também já é uma realidade: o país é o terceiro com maior audiência para eventos de eSports. Nos últimos anos, estádios lotaram para competições de League of Legends, CS:GO, Rainbow Six, Valorant e Free Fire — os jogos mais amados pelos gamers.
Foto destaque: Ana Moser toma posso do Ministério do Esporte — Foto: Pedro Ladeira/Folhapress