Raphael Veiga vive um grande momento com a camisa do Palmeiras, sendo protagonista da equipe Alviverde nas competições disputadas. Seu bom desempenho foi notado pela comissão técnica interina da Seleção Brasileira, e conseguiu vaga com a camisa amarelinha. Na última semana, o meia foi convocado, pela segunda vez seguida, por Ramon Menezes e o atleta já chegou à Espanha, junto com os companheiros de equipe, Weverton e Rony, para representar o Verdão nos amistosos do Brasil contra Guiné e Senegal. As partidas serão no próximo sábado (17) e na terça-feira (20), respectivamente.
Veiga vive a melhor fase de sua carreira: aos 27 anos, o jogador vem sendo "o cara" do time comandado por Abel Ferreira, sendo um dos principais nomes do Palmeiras, marcando gols importantes, principalmente em finais de campeonatos, e ganhando títulos memoráveis. No entanto, a carreira do camisa 23 nunca foi um mar de rosas. Até chegar a este nível técnico, Raphael teve que suar bastante.
Em sua primeira passagem pelo Palmeiras, em 2017, o meia não teve um grande destaque. Vindo do Coritiba como uma grande promessa, Raphael Veiga não conseguiu demonstrar seu bom futebol igual era no Coxa Branca. Vendo que não teria espaço naquele time que era considerado, por muitos, o Real Madrid das Américas, o meia acabou sendo emprestado para o Athletico-PR, em 2018. A partir desta volta ao futebol curitibano, o jogador começou a despontar como um dos grandes meias do futebol nacional.
Gol de Veiga contra o Corinthians (Reprodução/YouTube)
Quando voltou ao Palmeiras, em 2019, com o aval do então técnico Luiz Felipe Scolari, Raphael Veiga ainda oscilava, mas começou a ganhar forma e foi ficando no Verdão, mas, mesmo assim, seu nome era especulado em outros clubes do Brasil. Inclusive, em 2020, quando ele, Rony e Gustavo Scarpa seriam moedas de troca para a vinda de Jean Pyerre, que jogava no Grêmio, mas o negócio não deu certo. Alívio para os palmeirenses.
A consagração de Raphael Veiga começou em 2020, com a chegada do então desconhecido Abel Ferreira. O camisa 23 é considerado pelo treinador português como o melhor camisa 10 com quem já trabalhou. O meia entrou na história do Palmeiras sendo o atleta que mais marcou gols em finais pelo clube: 11 no total, e após a última Copa do Mundo esteve presente nas duas convocações para a Seleção.
Essa história de superação no Palmeiras poderia ter sido outra se algumas decisões fossem tomadas de formas diferentes, isso porque o meia fez seu primeiro teste no arquirrival Corinthians, onde tentou ser goleiro. Ou, então, pelo "ultimato" no Coritiba antes de começar sua carreira no time profissional. Um tempo antes de acertar sua ida ao Verdão, Raphael Veiga teve sua carreira arriscada.
Naquela época, o diretor do Coritiba era Valdir Barbosa e, em entrevista ao Globo Esporte, o dirigente revelou que o meia estava apreensivo por não ser aproveitado no Coxa, e queria voltar para São Paulo, onde sua família mora. Além de ser jogador, Raphael Veiga estudava educação física e estava certo em sair do futebol. Como estava ficando sem esperança, ele queria ser liberado do clube do sul, mas o diretor do time sulista foi conversar com Gilson Kleina, técnico na época. Após conseguir convencer o então treinador, o jogador fez a pré-temporada e deu certo.
Após ser reprovado no teste como goleiro no time do Corinthians, ele tentou mais uma vez, mas como meio-campista e passou. No time de Itaquera, o jogador ficou dois anos na base e acabou sendo dispensado por ser considerado um atleta franzino. Sua saída do Timão não frustrou seu sonho em se tornar um atleta profissional. Após passagem no Alvinegro paulista, Veiga tentou vaga na Portuguesa e no São Paulo, mas sua chance mesmo foi no Audax, onde aprimorou sua formação e teve contato com técnicos que têm influência em sua vida até os dias atuais: Fernando Diniz e Ricardo Catalá.
Diniz, que atualmente trabalha no Fluminense, foi responsável pela primeira convocação de Veiga para uma partida profissional, enquanto Catalá o recebeu no Audax, após recomendação de um amigo que via o camisa 23 jogando futebol de salão. Catalá recordou de quando era treinador do sub-15 do Audax e levou Veiga para o clube. Ele exaltou a qualidade do meia, mas disse que era franzino e isso preocupava. Depois de passar pelo Audax, Veiga arrumou as malas e partiu para Coritiba. Ele foi direto para a base do clube, mesmo com 20 anos e com bom desempenho, o meia não tinha estreado no profissional do Coxa Branca.
Raphael Veiga em passagem pelo Coritiba (Foto: Reprodução/Transferências/@bonsdebolaof)
No começo de 2016, a ideia dos dirigentes do clube curitibano era emprestar o jogador para ter rodagem no futebol, mas isso não estava acontecendo e o jovem treinava separado dos demais atletas. Até que veio a conversa com Valdir Barbosa, que então tentou convencer Gilson Kleina.
Após as conversas, o diretor do Coxa conseguiu convencer o treinador e o garoto estreou no profissional do Coritiba: 10 de março de 2016, entrando no segundo tempo da vitória do seu ex-time por 3x0 contra o Avaí, partida válida pela Primeira Liga. No entanto, seu primeiro jogo como titular só foi acontecer quatro meses depois da estreia, em julho, contra o Santa Cruz, pelo Campeonato Brasileiro.
Três meses após atuar como titular pela primeira vez em uma equipe profissional, Raphael Veiga negociou com o Palmeiras, seu time do coração. Alexandre Mattos, dirigente palmeirense na época, foi atrás do jovem meia que estava quase indo para outro rival, o São Paulo.
Em uma entrevista em 2022, Mattos elogiou a qualidade de Veiga, afirmou que ainda não estava pronto fisicamente, mas ficou feliz em conseguir dar outro chapéu no rival (já que dois anos antes contratava Dudu, chapelando o Tricolor e o Corinthians), e trouxeram o meia para ser o futuro camisa do Verdão. O diretor executivo teve uma mão do empresário de Raphael ao dizer que o avô dele era muito palmeirense. Isso foi o diferencial para conseguir levar o atual ídolo do time Alviverde.
Alexandre Mattos falando sobre a contratação de Raphael Veiga (Reprodução/YouTube)
Após a negociação dar certo, Raphael Veiga acertou sua transferência para o Palmeiras e, consequentemente, realizou o sonho de seu avô, que antes de falecer pediu ao neto que jogasse no time do coração. Em 2017, o Palmeiras não teve um bom desempenho como foi em 2016, quando saiu da fila de 22 anos sem vencer o Campeonato Brasileiro. Naquela temporada, o camisa 23 atuou em 22 partidas, com dois gols e duas assistências. No começo de 2018, acabou sendo emprestado ao Athletico-PR.
Por ser um ex-jogador de um grande rival do Coritiba, Veiga sofreu uma pequena resistência no Furacão, sendo vaiado em algumas partidas no Furacão, mas conseguiu reverter a história no rival e teve uma ótima passagem como profissional, atuando em 48 jogos, marcando nove gols e dando oito assistências. Com o comando de Fernando Diniz e Tiago Nunes, Raphael esteve na conquista da Sul-Americana daquele ano.
Raphael Veiga já tinha colocado na cabeça que iria voltar ao Palmeiras e fazer história no clube que torce. Apesar de concorrer contra Lucas Lima e outros jogadores da época, o meia estava disposto a retornar à São Paulo para disputar vaga na posição, mesmo com Tiago Nunes querendo sua permanência no Furacão. Desde que retornou ao Palmeiras, em 2019, Raphael Veiga ganhou três Campeonatos Paulistas, uma Copa do Brasil, uma Recopa Sul-Americana, uma Supercopa do Brasil, um Campeonato Brasileiro e duas Libertadores, totalizando nove troféus.
Boas atuações renderam convocações para a Seleção em 2023 (Foto: Reprodução/Raphael Veiga)
Ao todo, Raphael Veiga tem 75 gols em 237 partidas, fazendo dele, também, o segundo maior artilheiro do Palmeiras no século, ficando apenas atrás de Dudu, outro ídolo palestrino, com 87 tentos.
Veiga é um dos jogadores mais decisivos sob o comando de Abel Ferreira, e, com isso, fez sua estreia pela Seleção Brasileira em março, no amistoso contra Marrocos. Na ocasião, o Brasil perdeu por 2x1.
O meia foi convocado novamente por Ramon Menezes para representar a seleção nacional. O jogador já se apresentou para a comissão técnica e começou os treinamentos junto com os outros convocados.
Foto destaque: Raphael Veiga tornou-se ídolo do Palmeiras após altos e baixos na carreira. Reprodução/Raphael Veiga.
