Há dez anos, no dia 26 de agosto de 2014, o Palmeiras comemorava seu centenário. Para marcar aquele momento, a ideia da diretoria do clube era fazer uma contratação de peso.
Ronaldinho Gaúcho, campeão mundial pela seleção brasileira e duas vezes melhor jogador do mundo, estava livre no mercado após sua passagem pelo Atlético Mineiro. Pelo Galo, o jogador teve uma boa passagem, sendo campeão da Copa Libertadores em 2013. Porém sua saída do clube foi conturbada.
Conturbado também era o momento do Palmeiras. Rebaixado em 2012, o clube estava de volta à primeira divisão do Campeonato Brasileiro, porém o momento não era fácil, e o clube estava brigando novamente contra o rebaixamento em pleno ano de seu centenário. No dia da festa, o clube era o 16º colocado, apenas uma posição acima da zona de rebaixamento. Vivendo uma pressão externa gigante, o presidente Paulo Nobre e a diretoria de futebol se sentiram pressionados em fazer uma ação rápida.
Logo, o nome de Ronaldinho passou a ser o nome da cúpula palmeirense. Sonho antigo do clube, ele já havia sido procurado em 2011, quando atuava no Milan, e em 2013, já atuando no Galo, e ambas foram rechaçadas.
Ronaldinho Gaúcho com o bolo de presente do Palmeiras (Foto: reprodução/Globo Esporte)
Início da negociação
A negociação começou entre Nobre, Maurício Galiotte, então vice-presidente do clube, e Assis, irmão e empresário de Ronaldinho. A situação financeira ruim do clube foi um empecilho para a negociação, e Assis decidiu não prosseguir.
Mesmo assim, o clube manteve contato direto com o jogador, e as negociações seguiram. As conversas sugeriam um salário fixo e bonificações por metas. Premiação por desempenho em campo e até parte da renda da bilheteria poderiam ser passada ao jogador.
Então, na manhã daquele dia, o Palmeiras entendeu que havia chegado em um acordo com o meia. O clube, ainda, depositou R$ 600 na Federação Mineira de Futebol, para a transferência de documentos do jogador para a Federação Paulista, para o negócio ser agilizado. Inclusive, o anúncio do jogador começou a ser preparado, para ser feito naquela noite, na festa de aniversário do clube.
Maurício Galiotte e Paulo Nobre (Foto: reprodução/Cesar Greco/Palmeiras)
Negócio (não) fechado
Mas, uma hora antes da festa e do anúncio, tudo foi por água abaixo, e o clube desistiu do jogador. A “culpa” do negócio melar é, de novo, de Assis. Segundo Galiotte, o empresário se estressou com a maneira que o clube levou a negociação.
Na festa, Maurício Galiotte contou: “De manhã, o negócio estava praticamente fechado. Quando à tarde recebemos uma informação de que o Assis tinha estressado com o negócio e ele foi cancelado. Tudo o que foi pedido, o Palmeiras aceitou. Houve um consenso em todos os pontos solicitados. Durante o dia, a negociação estava fechada, tudo ok. Inclusive a documentação. Mas então recebemos a notícia de que o Assis tinha estressado. Se eles se estressaram antes de o atleta chegar, está encerrado o negócio”.
No dia seguinte, Assis declarou ao SporTV: “É muito fácil sempre colocar a culpa no representante do atleta. O problema dos clubes é que eles mesmos deixam vazar informações e depois têm que dar explicação a uma torcida inteira que cobra resultados.”
Um mês depois, Ronaldinho Gaúcho assinou com o Querétaro, do México, onde atuou até o ano de 2015.
Foto Destaque: Ronaldinho Gaúcho (Reprodução/Jovem Pan)