Chefe da Ferrari durante treze anos, Jean Todt endossou as alegações de que o GP de Singapura 2008 tenha sido manipulado. Prejudicado na ocasião, o piloto brasileiro Felipe Massa, ex-Ferrari, encaminhou ação judicial na tentativa de que a Federação Internacional do Automobilismo (FIA) opte pelo cancelamento do evento. A entidade segue sem se manifestar.
Escândalo e seus desdobramentos atuais
Durante entrevista a um programa esportivo internacional, o ex-chefe da Ferrari, Jean Todt, voltou a se manifestar publicamente sobre uma suposta manipulação no GP de Singapura 2008. Conhecido alegoricamente por Singapuragate, o escândalo acabou sendo desvelado no ano seguinte, sobretudo pelas acusações acerca da batida intencional provocada por Nelson Piquet Jr, piloto da Renault à época, para favorecer seu companheiro de equipe, Fernando Alonso.
Um dos afetados pelo incidente, Felipe Massa, que era pole position e líder no ranking, acabou precisando visitar os boxes. O brasileiro caiu para a 13° colocação na corrida e, ao fim da temporada, acabou perdendo o título por um ponto de diferença. “Não entro em polêmica. Mas para ele (Massa) foi muito difícil psicologicamente. Talvez pudéssemos ter sido mais incisivos quando essa história veio à tona”, declarou Todt pouco antes de sugerir que o torneio deveria ter sido cancelado.
Por conta do incidente, uma mangueira de abastecimento presa ao carro de Massa quase provocou sua colisão com Adrian Sutil. (Foto: reprodução/GE/EUGENE HOSHIKO/AFP/Getty Images)
Naquele momento, a repercussão negativa aumentou após Bernie Ecclestone, ex-chefão da Fórmula 1, ter sugerido que a batida de Piquet Jr teria sido provocada deliberadamente. Sabendo disso, o antigo patrono da entidade teria optado por manter o assunto debaixo do tapete para preservar a imagem da modalidade esportiva.
Em 2009, qualquer forma de investigação mais robusta acabou sendo afastada pelo regulamento da época. Este previa que o resultado de um campeonato só poderia ser contestado antes da cerimônia de premiação, que já havia ocorrido.
Relação de Todt e Felipe Massa
O ex-chefe da Ferrari comandou a escuderia por 13 anos, entre 1994 e 2007. A relação com o brasileiro, no entanto, só começou um tempo depois, em 2009, quando o francês já ocupava o cargo de consultor especial. Durante seu tempo chefiando a equipe automobilística, foi destaque nas seis conquistas de títulos de construtores de Schumacher.
Com os desdobramentos do caso e o apoio entre os dois, Felipe Massa pretende utilizar instrumentos judiciais para anular o campeonato. O brasileiro formalizou uma carta – parte que, conforme as regras da justiça do Reino Unido, deve anteceder um processo – defendendo o teor conspiratório das entidades FIA e FOM na ocasião. No documento, ele alega ter sido prejudicado esportiva, moral e financeiramente.
Recentemente, ele e sua assessoria aceitaram uma prorrogação para que a carta seja respondida pelas instituições esportivas até o dia 15 de novembro.
Foto destaque: Felipe Massa e Jean Todt, ex-chefe da Ferrari (Reprodução/GE/Bryn Lennon/Getty Images)