Há 48 anos após a sua fundação, o Estádio de Atletismo Célio de Barros encontra-se totalmente abandonado, com acúmulo de lixo e matagal ao entorno, o que sobrou hoje apenas a sua estrutura que está no Complexo do Maracanã. Construído em 25 de outubro de 1974, o Estádio de Atletismo foi palco de competições importantes para a modalidade no Brasil. A sua área de ocupação total é de total de 18.714m² dentro do Complexo do Maracanã e é administrado pela Suderj (Superintendência de Desportos do Estado do Rio de Janeiro). Antes de ser fechado, o estádio possuía 15.501m² de área construída, 756m² para estacionamento e 457m² de jardins. A capacidade era de 9.143 pessoas.
O que motivou o encerramento das atividades
O Célio de Barros está fechado desde 2013, para execução da realização de obras do local, com o objetivo de modernizar todo o entorno para a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016.
Inicialmente a ideia era utilizar a área como estacionamento para os jogos de futebol e grandes eventos. Contudo, protestos e pressão da opinião pública fizeram o então governador naquele ano, Sérgio Cabral, voltar atrás.
Ainda no ano de 2013, foram retiradas as pistas de atletismo, sendo utilizado como almoxarifado das obras do Maracanã, uma parte descampada que está hoje concretada, passou a ser usada como palco de eventos, festas particulares e até hospital de campanha e posto de vacinação da Covid-19.
O ex-atleta Nelson Rocha dos Santos, que competiu nas Olimpíadas de Moscou 1980 e Los Angeles 1984, é o líder da comissão consultiva do Célio de Barros, criada em 2022 por ex-atletas e dirigentes interessados na reabertura do estádio. Desde então, o grupo vem dialogando com setores da política e do esporte na tentativa de viabilizar as obras de reconstrução das pistas e campos.
"O Rio de Janeiro tinha o maior e melhor estádio de atletismo do país. Todo mundo queria competir no Célio de Barros. Eles destruíram um espaço que foi concebido quando o Rio era Governo Federal. Como se destrói algo grandioso como esse? Isso não entra na minha cabeça"- comentou
Lixo acumulado e matagal no entorno (Foto: reprodução/Flávio Dilascio)
R$ 35 milhões para reabertura
A comissão de esporte na ALERJ (Assembleia Legislativa do Rio) nos últimos períodos, sob a liderança do deputado estadual Carlinhos BNH, firmou em se comprometer em ajudar a comissão consultiva na reabertura do Célio de Barros. Por outro lado, o grupo procurou a Empresa de Obras Públicas do Estado do Rio (Emop-RJ), que será a responsável pela execução da obra, segundo o órgão, já tem um projeto em andamento para a aprovação, pois o próximo passo é definir a execução.
Em nota a Emop-RJ diz:
"A EMOP-RJ executou o levantamento técnico preliminar e a estimativa de custo para reforma do Estádio Célio de Barros. Para início e execução dos serviços, é necessário ser elaborado e licitado o projeto executivo. O valor estimado das intervenções é de R$ 35 milhões. O prazo de duração das obras e reabertura do estádio é de dois anos."
Em nota a secretaria de esporte e lazer do Rio de Janeiro diz:
"O Célio de Barros é um equipamento de grande valor esportivo e histórico para a Secretaria de Estado de Esporte e Lazer. A gestão está aberta ao diálogo e recebeu representantes da comissão consultiva, para debater alternativas para o local.
Vale ressaltar que o Governo do Estado, por meio da EMOP, já realizou um levantamento técnico para reforma e recuperação total do estádio, que foi aprovado pela comissão e encaminhado à Alerj, para financiamento dos recursos destinados à licitação e execução da obra.
Na condição de reaberto, para a manutenção do Célio de Barros seriam utilizados recursos do orçamento da secretaria, bem como de instrumentos de gestão, por meio de parcerias, termos de cessão de espaços internos e implantação de um calendário esportivo permanente, por exemplo.
Atualmente, estão instaladas no local as federações de Atletismo, Futsal, Handball, Liga de Futsal e a Associação dos Treinadores de Futebol."
A reconstrução do estádio tem um significado imenso para o esporte, pois passaram lendas do atletismo como o ucraniano Sergei Bubka e o estadunidense Michael Johnson, que competiram no Célio de Barros no fim dos anos 90. Palco do Meeting Internacional entre 1996 e 2001, o estádio recebeu outras competições importantes como o Troféu Adhemar Ferreira da Silva e o Troféu Brasil de Atletismo.
Foto destaque: Estadio de Atletismo Célio de Barros nos dias de hoje. Reprodução/Flávio Dilascio