Pela primeira vez na história do treinador Bernardinho à frente da Seleção Brasileira de Vôlei, ele não conseguiu subir ao pódio olímpico. Nesta segunda-feira (06) o Brasil foi eliminado nas quartas de final pelos Estados Unidos e logo após a partida o técnico deu uma entrevista a Rede Globo e afirmou que ainda não se decidiu se irá continuar ocupando o cargo e comandando o vôlei masculino brasileiro para a disputa da próxima Olimpíada em Los Angeles em 2028.
O treinador de 64 anos afirma que decidirá seu futuro com sua família e, caso não continue no cargo, continuará contribuindo de alguma maneira com a Seleção Brasileira, já que atualmente ele também ocupa o cargo de coordenador de seleções da Confederação Brasileira de Voleibol (CBV). A eliminação também deve ser a despedida de jogadores históricos da Seleção que marcaram época, como Lucão e Bruninho.
O que disse Bernardinho
Bernardinho falou à reportagem da Rede Globo após a derrota para os Estados Unidos por três sets a um e afirmou que a decisão se fica ou não será em conjunto de suas filhas, mas garantiu que mesmo que não continue como treinador, ele estará envolvido de alguma forma no próximo ciclo olímpico. Ele garantiu que não irá se afastar e deixar de contribuir com esses jovens que estão surgindo na Seleção.
Para ter uma renovação consistente para chegar bem na próxima Olimpíada em Los Angeles em 2028, Bernardinho diz que "Precisamos realmente trabalhar muito bem. Existe um equilíbrio, e a consistência que nos falta só pode ser alcançada de um jeito. É estando na arena nesse nível de jogo, nas competições internacionais, contra as principais equipes do mundo. E esse time precisa disso, jogar, rodar" e finalizou reconhecendo que tem que aprender a lidar com esses novos garotos que estão surgindo, pois, segundo ele, não é somente gritando mais ou menos, tem de ter eficiência.
Poucos meses de trabalho
Para a disputa desta Olimpíada, Bernardinho assumiu no final de 2023 o cargo de treinador, no lugar de Renan Dal Zotto que pediu para sair por orientação médica e pressão por resultados, mas somente pôde treinar o time por três meses durante a Liga das Nações deste ano. Com o pouco tempo para desenvolver e colocar sua maneira de jogar ao grupo de jogadores, o Brasil acabou tendo uma péssima campanha no torneio olímpico e acabou sendo eliminado nas quartas-de-final para os Estados Unidos.
O treinador assumiu a culpa pela eliminação precoce da Seleção na Olimpíada (Foto: reprodução: Andrzej Iwanczuk/NurPhoto/Getty Images Embed)
Principal culpado, segundo o treinador
Bernardinho não fugiu da responsabilidade e colocou na sua conta a eliminação do Brasil na Olimpíada de Paris. Ele afirma que a "Responsabilidade toda minha de não ter dado aos rapazes a condição de aproveitar oportunidades. Eu talvez não conhecesse totalmente o grupo, não soubesse como extrair o melhor. Fico muito triste pelos veteranos, porque sei o quanto eles se doaram para estar aqui" e completou dizendo que está triste tanto pelos mais novos quanto pelos mais velhos, como Lucão e Bruninho, que devem se aposentar da Seleção Brasileira após essa derrota.
Aprendizagem com as derrotas
A avaliação de Bernardinho é de que o vôlei mudou tecnicamente e que hoje em dia não é mais somente força. É preciso que a cultura do vôlei brasileiro melhore e queira aprender com outros países essa nova forma de jogar, assim como no passado o Brasil era a grande potência e as outras equipes aprenderam e desenvolveram sua maneira de jogar observando os brasileiros.
Das quatro seleções classificadas para as semifinais do torneio masculino de vôlei da Olimpíada, três derrotaram o Brasil na última Liga das Nações. Estados Unidos, Itália e Polônia venceram a Seleção Brasileira nas duas competições, mostrando que a tese de Bernardinho possa estar correta.
O treinador dono de duas medalhas de ouro e duas de prata em Olimpíadas, afirma que agora irá refletir sobre os erros e acertos na competição e se caberá a ele ou não o comando da Seleção Masculina de Vôlei do Brasil. Segundo ele, esse gosto amargo de ser eliminado antes das semifinais não o agrada, deixando em aberto o seu futuro no voleibol masculino de seleções.
Foto Destaque: Bernardinho deixa futuro em aberto para o próximo ciclo olímpico (Reprodução/ MAURO PIMENTEL/AFP/Getty Images Embed)