Na última sexta-feira (08), o árbitro licenciado pela FIFA Igor Benevenuto assumiu publicamente a sua homossexualizade. Igor foi o primeiro árbitro oficial do quadro da instituição esportiva a se assumir gay ao público.
Igor Benevenuto. (Foto: Reprodução/ Marcos Ribolli/ Globo Esporte)
A declaração de Igor foi feita ao podcast "Nos Armários dos Vestiários", série jornalística do Globo Esporte que visa destrinchar o machismo e a homofobia no contexto do futebol brasileiro.
O episódio em que o árbitro mineiro participa é um longo relato sobre reconhecimento pessoal, negação da realidade e luta pelo direito de ser quem é. Igor confessa que desde criança tinha consciência de sua homosexualidade, e que a aproximação com o esporte foi mais uma tentativa de se esconder em um ambiente que é visto como viril e masculino.
"O futebol é um esporte que eu cresci odiando profundamente. Não suportava o ambiente, o machismo e o preconceito disfarçado de piada. Para sobreviver na rodinha de moleques que viviam no terrão jogando bola, montei um personagem, uma versão engessada de mim. Futebol era coisa de 'homem', e desde cedo eu já sabia que era gay. Não havia lugar mais perfeito para esconder a minha sexualidade. Mas jogar não era uma opção duradoura, então fui para o único caminho possível: me tornei árbitro." confessa Igor.
Benevenuto adiciona que a tentativa de se camuflar no esporte não era só uma questão consigo mesmo, mas uma tentativa de se proteger da violência com a qual o brasileiro trata os homossexuais. Sendo o Brasil o país que mais mata pessoas LGBTQIA+, a preocupação em se adequar a um padrão de heterosexualidade também era uma questão de sobrevivência.
Mais tarde, com a escolha de se especializar para se tornar um árbitro de futebol, Igor encontrou na posição uma forma de estar no controle.
"Ser árbitro me coloca em uma posição de poder que eu precisava. Escolhi para esconder minha sexualidade? Sim. Mas é mais do que isso. Eu me posicionei como o dono do jogo, o cara de autoridade, e isso remete automaticamente a uma figura de força, repleta de masculinidade." comenta o árbitro mineiro.
Além de uma forma de autoridade, Igor relata que é uma forma de mostrar que a homossexualidade não é, de forma alguma, um fator que o diminua como pessoa.
Foto Destaque: Igor Benevenuto, árbitro FIFA. Reprodução/ Thiago Ribeiro/ UOL Esporte.