A nova era de filmes de super-herói influencia um público enorme, principalmente o infantil e juvenil. Isso faz com que as produções sigam para outro nível, com orçamentos milionários e muito marketing envolvido. Isso de alguma forma é bom para quem consome esses conteúdos, pois mantém uma frequência de lançamentos, mas a velha escola do cinema não parece aprovar completamente a ideia.
Recentemente, o aclamado diretor Quentin Tarantino, deu uma declaração polêmica em relação aos atores da Marvel. O diretor se referiu a banalização artística de personagens já explorados, e dividiu opiniões. “Parte da Marvel-ização de Hollywood é que… Você tem todos esses atores que ficaram famosos interpretando super-heróis, mas eles não são astros do cinema. Certo? Capitão América é o astro, Thor é o astro. Eu não sou a primeira pessoa a dizer isso”, comentou. Para ele, os atores que ganham fama vivendo um personagem já conhecido não conseguem criar sua própria linha de atuação ou apresentar qualquer novidade como artista individual. Quentin considera a indústria dos super-heróis como um modelo comercial que não explora a criatividade.
Quentin Tarantino em set de filmagem (Foto: Reprodução/Film Comment)
Um dos atores que mais trabalhou e contribuiu com Quentin, foi Samuel L. Jackson. Os dois são responsáveis por clássicos como “Django Livre”, “Pulp Fiction” e “Os Oito Odiados”, e apesar da conexão criativa, não se entenderam em relação ao “complexo da Marvel”. O ator que vive Nick Fury no universo da produtora saiu em defesa de seus companheiros de equipe, e disse que o público não pode questionar o estrelato dos atores que interpretam super-heróis. Durante uma participação no programa The View, Jackson disse: “É preciso um ator para ser esses personagens em particular, e o sinal de estrelato no cinema sempre foi, o quê, pessoas sentadas no cinema? Sobre o que estamos conversando?”, comentou. “Não é uma grande controvérsia para mim saber que aparentemente esses atores são estrelas de cinema. Chadwick Boseman é o Pantera Negra. Você não pode refutar isso, e ele é uma estrela de cinema.”
Além dele, o ator Simu Liu, que interpreta Shang-Chi, também contrapôs a declaração de Quentin. "Eu sou maravilhado com a genialidade cinematográfico deles. Eles são autores transcendentes. Mas eles não podem apontar o nariz para mim ou para ninguém", desabafou Liu pelo Twitter. "Nenhum estúdio de cinema é ou jamais será perfeito. Mas tenho orgulho de trabalhar com alguém que fez esforços contínuos para melhorar a diversidade na tela, criando heróis que capacitam e inspiram pessoas de todas as comunidades em todos os lugares. Eu amei a Era de Ouro [de Hollywood] também, mas ela era branca pra caramba”.
Tom Holland, um dos atores que ganhou fama vivendo o Homem-Aranha (Foto: Reprodução/AdoroCinema)
Essa não é a primeira vez que Quentin Tarantino critica o formato de filmes de herói e sua influência sobre o modelo de Hollywood. Recentemente o diretor disse que nunca trabalharia para a produtora por não se considerar "mão de obra contratada". De qualquer forma, a maioria das grandes produções americanas são comerciais e só cabe aos artistas envolvidos escolherem as medidas do seu trabalho. Mesmo que o cinema tradicional de Tarantino esteja sendo deixado de lado, ele nunca irá deixar de existir, e muito menos o novo modelo de cinema enlatado. Sendo assim, espera-se que ambos os formatos continuem criando grandes produções para atingir o gosto de todo os públicos, de maneira ampla e respeitosa.
Foto Destaque: Quentin Tarantino e Samuel L. Jackson. Reprodução/Monet
