No início de agosto, os estúdios de Hollywood, representados por Carol Lombardini, presidente da AMPTP (Aliança de Produtores de Cinema e Televisão), iniciaram uma rodada de negociações com o WGA (Associação de Escritores da América), representados por sua principal negociadora, Ellen Stutzman. No entanto, parece que as tratativas em busca do fim da greve ainda não chegaram a uma conclusão positiva.
Segundo o Omelete, esta história ganhou um novo capítulo, resultando em um aumento das tensões entre as partes envolvidas.
Conforme detalhado pelo The Hollywood Reporter, houve frustração por parte do sindicato quando a AMPTP divulgou para a imprensa a proposta apresentada em 11 de agosto aos roteiristas na tentativa de encerrar a greve, que já dura mais de 100 dias.
Essa proposta foi apresentada durante um encontro entre representantes do WGA e um grupo de executivos liderado por figuras como Bob Iger (Disney), David Zaslav (Warner Bros. Discovery), Donna Langley (Universal) e Ted Sarandos (Netflix).
A oferta dos estúdios incluía alternativas para muitas das demandas feitas pelo sindicato, como a definição de um número mínimo de roteiristas para produções de séries de TV e garantias de remuneração justa para profissionais envolvidos em projetos que utilizassem inteligência artificial no processo criativo.
Entretanto, o WGA não se mostrou satisfeito com as "limitações, falhas e omissões" da proposta. Em um comunicado oficial, o sindicato declarou: "As políticas propostas pelos estúdios não conseguem proteger adequadamente os roteiristas diante das ameaças existenciais ao seu trabalho, que foram os motivos que nos levaram a iniciar essa greve".
O sindicato também comentou sobre a intenção dos estúdios durante o encontro: "Nós deixamos claro que toda greve possui consequências, e no nosso caso, essas consequências deveriam ser respostas abrangentes - e não parciais - para as questões que eles contribuíram para criar em nossa indústria. Contudo, no fim das contas, a intenção dos estúdios ao realizar essa reunião não era buscar um acordo. Eles buscavam, na verdade, nos forçar a ceder às suas exigências".
O comunicado prossegue: "Foi por essa razão que, em menos de 20 minutos após o encerramento da reunião, a AMPTP divulgou um resumo das propostas que nos apresentou. Desde o início, esse era o plano das empresas - eles não almejavam negociar, mas sim obstruir nosso progresso. Essa é a única estratégia que eles têm, a única aposta que estão dispostos a fazer: eles buscam nos dividir uns contra os outros".
Bob Iger, presidente da Disney. (Foto: reprodução/Suno/Disney)
Relembrando os Motivos da Greve
O sindicato dos roteiristas iniciou a greve em 1º de maio alegando a necessidade de várias alterações em seu contrato com os grandes estúdios de Hollywood. Entre as demandas apresentadas estão mudanças no cálculo dos pagamentos residuais para roteiristas relacionados à exibição contínua de suas obras na TV e streaming, regulamentação da estrutura das salas de roteiristas televisivas e, principalmente, proteções contra o uso de inteligência artificial na produção de filmes e séries. Já existe uma nova proposta na mesa, datada da última sexta-feira, 18 de agosto, que está nas mãos do WGA.
Greve dos Atores
Em 14 de julho, o sindicato SAG-AFTRA (Screen Actors Guild-American Federation of Television and Radio Artists), que representa os atores de Hollywood, também aderiu à greve, unindo-se aos roteiristas para pressionar os estúdios a aumentar as taxas de pagamento e os pagamentos residuais para conteúdo de streaming e desenvolver regras e proteções em torno do uso de inteligência artificial na TV e no cinema. As greves simultâneas dos sindicatos de roteiristas e artistas, a primeira em Hollywood desde 1960, paralisaram a maioria das produções de TV e cinema, adiando várias produções e premiações.
Foto destaque: Um roteirista de televisão e membro da WGA protestando em frente aos estúdios Disney em Burbank, Califórnia. Reprodução/NBC News/Irfan Khan/Los Angeles Times.