A última indicação de um filme brasileiro à mostra competitiva pelo Urso de Ouro no Festival de Berlim aconteceu há muitos anos. Para a volta de produções nacionais na edição de 2025, Gabriel Mascaro disputa o prêmio com seu novo filme, estrelado por Rodrigo Santoro. O ator também marca seu retorno à cerimônia após oito anos. O festival está marcado para acontecer entre os dias 13 e 23 de fevereiro, e a indicação do filme brasileiro fechou a lista oficial, que estava sendo divulgada aos poucos.
Maré boa e reconhecimento do cinema brasileiro
As produções cinematográficas brasileiras têm passado por uma maré de sorte em nível internacional após a conquista de Fernanda Torres no Globo de Ouro. Agora, é a vez de Rodrigo Santoro retornar ao Festival de Berlim, por sua atuação no longa dramático dirigido por Gabriel Mascaro (Boi Neon). Santoro imergiu nas águas turvas e místicas da Amazônia, para interpretar o personagem Cadu, em "O Último Azul" e está muito entusiasmado pela indicação, segundo divulgado pela imprensa.
“A seleção de ‘O Último Azul’ para a competição principal de Berlim só reforça o quanto o Brasil é capaz de produzir um cinema forte, profundo e competitivo. É emocionante ver o cinema independente chegando tão longe, feito com garra e talento - muitas vezes, com muito pouco. Sigo acreditando nesse cinema”, revelou Santoro ao site Hugo Gloss.
O Último Azul”, dirigido por Gabriel Mascaro, estreia no Festival de Berlim 2025 (Foto: reprodução/Instagram/@gabrielmascaro)
Mascaro, juntamente de Anna Muylaert, são os dois diretores brasileiros que exibirão seus filmes no festival alemão. Muylaert, no entanto, apenas apresentará seu filme, "A Melhor Mãe do Mundo", na Berlinale Special, não participando da disputa pelo Urso.
Anteriormente, o país já havia sido representado por Central do Brasil, de Walter Salles, em 1998, conquistando dois prêmios, um deles sendo o de "Melhor Atriz" para Fernanda Montenegro. Vinte anos depois, em 2008, foi a vez de "Tropa de Elite", de José Padilha, levar o prêmio para casa.
A cerimônia da 84ª edição do Festival de Berlim será presidida por Todd Hynes, cineasta pioneiro do movimento cinematográfico "New Queer Cinema".
Etarismo e uma viagem pela Amazônia
Na trama do longa, uma distopia mistura-se com o debate real sobre etarismo; quando Tereza, uma mulher idosa que reside na região industrial da Amazônia, no alto de seus 77 anos, é enviada de forma compulsória, pelo governo, para um conjunto habitacional - uma especial de asilo institucional, que visa acolher pessoas de uma idade mais avançada, para aproveitarem seus ''últimos dias''.
Essa decisão tem por objetivo dar mais tempo produtivo para pessoas mais jovens, um estigma enraizado no imaginário popular. Porém, antes do exílio, a personagem se aventura pelos rios amazônicos, e essa viagem pode produzir uma mudança significativa em sua vida.
O filme ainda não tem data exata para estrear, embora tenha previsão para este ano.
Foto destaque: Rodrigo Santoro e Denise Weinberg em "O Último Azul" (Foto: Guilhermo Garza/Desvia)
Matéria por Camila Pazini, In Magazine