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[Crítica] “Zona de Interesse” é o muro entre a beleza e o horror

O longa de Jonathan Glazer, indicado em 5 categorias do Oscar 2024, chega hoje (15) aos cinemas brasileiros; confira nossa crítica

15 Fev 2024 - 19h45 | Atualizado em 15 Fev 2024 - 19h45
[Crítica] “Zona de Interesse” é o muro entre a beleza e o horror  Lorena Bueri

É um desafio produzir uma obra para tratar sobre a Segunda Guerra Mundial, mais especificamente, sobre o nazismo e o holocausto. É uma linha tênue, o limite sempre existente entre a espetacularização mórbida e o lembrete para que jamais volte a se repetir. “Zona de Interesse”, novo filme do cineasta Jonathan Glazer, caminha por cima desse limite e se deixa pender à segunda opção, construindo uma arte que impacta sem o menor intuito de ser apelativa. 

O longa, concorrente em cinco categorias do Oscar 2024, é um filme claustrofóbico e muito inteligente. É a mais pura beleza, paz e harmonia de um mundo isolado, contrapondo-se ao mais brutal horror. Dois universos que exprimem os mais opostos sentimentos, divididos apenas por um muro.


Assista ao trailer de "Zona de Interesse" (Reprodução/YouTube/Fãs de Cinema)


Trama baseada em um contexto real 

Como definiu o especialista sobre o Holocausto e a Segunda Guerra Mundial, Marcio Pitliuk, em entrevista ao site Aventuras na História, “Zona de Interesse”, inspirado na obra homônima de Martin Amis, é baseado em uma situação real, embora a história seja ficção.

O comandante do campo de Auschwitz, Rudolf Höss, interpretado por Christian Friedel, vivia com a esposa e os cinco filhos em uma casa bucólica, separada do campo de concentração por um muro. O longa acompanha o cotidiano harmônico e ideal da família, enquanto os judeus eram dizimados do outro lado da divisória. 


Cena de "Zona de Interesse" (Reprodução/Diamond Films/A24)


Incômodo, indigesto e cruelmente sutil

Em “Zona de Interesse”, o absurdo mora nos detalhes. O longa ignora qualquer hipótese de choque por recursos gráficos e aposta no incômodo gerado pelo contraste entre a beleza visual e o som indigesto da barbárie. É intrigante o quão tais escolhas deixaram o filme com uma atmosfera ainda mais pesada, ao invés de suavizá-la. E esse é o ponto: o absurdo mora nos detalhes. 

Quando cito que este é um filme muito inteligente, quero dizer também sobre aspectos técnicos, desde a direção, roteiro, à fotografia, direção de arte e de som. “Zona de Interesse” tem um grande tempo aparentemente morto que é de suma importância para o total da trama. É nesse tempo em que achamos não acontecer “nada”, em que nos surgem as pequenas dores. Aos pouquinhos, como se aquela casa, aquela família, aquela atmosfera, sempre permeadas pela morte, te consumissem por completo. É sufocante. 

Mais sufocante ainda é a sutileza esmagadora do longa. Tudo sendo tratado de forma prática e fria, com termos técnicos, e com naturalidade tamanha a ponto de ignorar por total o extermínio que acontecia a todo tempo ao lado. A paz daquela casa era assombrosa. 


Zoom do pôster de "Zona de Interesse" (Foto: reprodução/Screenanarchy)


Conclusão

Com um dos preferidos ao Oscar de Melhor Filme Internacional, Glazer conseguiu uma obra desafiadora e que vai dividir o público, mexer com suas percepções. “Zona de Interesse” pode não ser um filme para todos pela delicadeza brutal que carrega consigo e o ritmo proposital e demasiadamente lento, mas os que tiverem a alma fisgada por ele, entenderão o contraponto entre o belo e o horrível que o longa apresenta. Sobretudo, “Zona de Interesse” é um lembrete chocante sobre o holocausto para que jamais se repita, e vale o seu ingresso. 

 

Nota: ★★★★★


Foto destaque: Sandra Huller em "Zona de Interesse" (Reprodução/Diamond Films/A24)

 

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