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[Crítica] “Wish” tem boas mensagens, mas não é marcante o suficiente para 100 anos da Disney

A animação que comemora o centenário dos Studios Disney chegou aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (04); confira nossa crítica

06 Jan 2024 - 21h15 | Atualizado em 06 Jan 2024 - 21h15
[Crítica] “Wish” tem boas mensagens, mas não é marcante o suficiente para 100 anos da Disney  Lorena Bueri

Na última quinta-feira (4) “Wish: O Poder dos Desejos”, nova animação da Disney, estreou nos cinemas de todo o Brasil. O filme é uma comemoração ao centenário do estúdio de animação mais célebre do mundo, e como premissa utiliza algo que toca no íntimo de cada um de nós, e o que a Disney busca despertar nas pessoas: os desejos. Homenageando diversos clássicos que fizeram história ao longo dos 100 anos, “Wish” é uma boa e surpreendente história, mas infelizmente não marcante o suficiente para fazer jus à data. 


Assista ao trailer de "Wish: O Poder dos Desejos" (Reprodução/YouTube/Walt Disney Studios BR)


Trama de “Wish: O Poder dos Desejos” 

A história é ambientada no vilarejo de Rosas, reinado por um feiticeiro que se chama Magnífico, e que guarda um a um os desejos de cada cidadão da vila. Periodicamente, Magnífico decide qual irá realizar em cerimônias públicas. Encantada pela magia, conhecemos a jovem Asha, que sonha em tornar-se aprendiz do rei para realizar os desejos da população, e especialmente o de seu avô, que estava prestes a completar 100 anos de idade. 

Ao ser “entrevistada” para a vaga e conhecer melhor os reais princípios do feiticeiro, a menina se depara com um choque de realidade e perde o encanto pelo ídolo, até então, inalcançável, que se mostra uma figura muito mais sombria que Asha poderia imaginar. Determinada a libertar os desejos de todos e combater o poder do rei, a jovem conta com a inusitada ajuda de uma estrela que cai do céu, seu cabrito magicamente falante e seus 7 amigos, que são uma releitura dos 7 anões, além de um vilão que, finalmente é um vilão


Cena de "Wish: O Poder dos Desejos" (Foto: reprodução/PapelPop)


“Wish: O Poder dos Desejos” surpreende ao quebrar expectativas com o tema central 

A animação comemorativa da Disney não poderia deixar de homenagear clássicos que marcaram eras no estúdio, e “Wish” se empenha em usar e abusar dos easter-eggs e referências claras. Aspecto que fica em uma linha tênue entre homenagem e pura falta de identidade. No entanto, passadas as primeiras estranhezas, marcadas pelo estilo de animação “meio 2D, meio 3D” utilizada, e a quantidade de referências jogadas em todas as partes, “Wish” consegue um bom caminhar ao surpreender através de um plot atrativo e personagens cativantes, como o cabritinho que veste suéter e a estrelinha dourada simpática. 

Tramas infantis baseadas em magia caminham em cenários costumeiramente clichês, mas “Wish” arrisca seguir por um caminho que choca de uma maneira positiva ao se tratar de Disney. A animação repleta de elementos fantásticos suaviza uma história sobre como nossos desejos são parte de nós e o quão sua falta pode ser descaracterizadora, nos tornando seres alheios à realidade que nos cerca. Ao mesmo tempo, mostra a força de um povo unido lutando para se livrar das garras de um líder tirano e enfim, controlar suas próprias vontades e sonhos.


Rei Magnífico (Foto: reprodução/The Disinsider)


Easter-eggs, homenagens e músicas bonitas, mas esquecíveis 

De início, “Wish” nos dá a sensação de dèja vu de “mas eu conheço esse personagem de outro desenho”. E, de fato, a animação é uma reciclagem que lembra “Encanto”, “Zootopia”, “Viva: A Vida É Uma Festa”, “Luca” e muitas outras do estúdio, sem que seja, necessariamente, uma homenagem. Para se diferenciar das anteriores, Disney apostou em um estilo diferente de animação, com uma mescla entre as técnicas de 2 e 3D que não funciona bem; falta autenticidade na estética do filme. Passada a estranheza, nos deparamos com referências mais claras e nostálgicas. Algumas utilizadas com um contexto na história, como a linhagem de Magnífico, outras, apenas como um breve aceno, mas que engrandecem o real intuito do filme. Quem imaginaria se deparar com Peter Pan em um filme de animação de 2023? Disney conseguiu proporcionar uma viagem no tempo com “Wish”. 

Mas, o estúdio é um grande produtor de hits infantis, afinal, estamos falando de músicas consagradas como “Livre Estou”, “Lembre de Mim”, “Saber Quem Sou” e tantas outras. No entanto, apesar do filme de Asha trazer músicas bonitas e fortes, peca em não construir nenhuma canção memorável. Como um passe de mágica, ao sair da sala de cinema, todas as músicas se apagaram da minha mente, aspecto negativo para uma animação musical. 


Ouça "This Wish", parte da trilha sonora da animação (Reprodução/YouTube/Disney Music VEVO)


Conclusão: a estrela de “Wish” até brilha, mas não o suficiente para iluminar o centenário 

“Wish: O Poder dos Desejos” é uma animação que surpreende ao quebrar as expectativas de tema e força. Traz e explora mensagens importantes de consciência de classe e gera identificação ao pararmos para pensar em quantos sonhos já abrimos mão em prol de algo que fugia do nosso controle. Mas, apesar de ser um bom filme, não faz jus à data histórica de 100 anos da Disney, sendo uma animação esquecível e que falha no intuito de ser marcante. 


Nota: ★★★

 

Foto destaque: Imagem promocional de "Wish: O Poder dos Desejos" (Reprodução/Disney)

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