"E se esta também for uma vida passada, e nós já formos algo além um para o outro na nossa próxima vida?" - Hae Sung ("Vidas Passadas")
Há um conceito coreano conhecido como 'in-yun', que representa o "destino" ou "predestinação", conectando duas almas ao longo de vidas passadas. Quando essas pessoas decidem ficar juntas, isso simboliza um reencontro por mais de 8.000 reencarnações. O filme de Celine Song utiliza habilmente essa cultura para contar a sua história e se aprofundar na compreensão sobre as nuances das relações interpessoais, além de implementar ao enredo, uma lente para examinar não apenas a conexão romântica, mas uma narrativa rica e envolvente.
Assista ao trailer de "Vidas Passadas" (Vídeo: reprodução/Youtube/Fãs de Cinema)
Trama de “Vidas Passadas”
A história acompanha a vida de Nora (Greta Lee) e Hae Sung (Teo Yoo), duas almas cujos destinos se entrelaçam na infância, desenvolvendo uma amizade profunda. No entanto, o curso de suas vidas é alterado quando a família de Nora decide deixar a Coreia do Sul, mudando-se para Toronto em busca de uma vida melhor. Esse evento força a separação dos dois amigos. O enredo então, avança 12 anos a partir desse ponto, explorando as vidas dos personagens se desdobrando ao longo do tempo.
Após 12 anos separados, Nora faz uma descoberta surpreendente: seu amigo de infância, Hae Sung, ainda a procura, utilizando uma rede social. A partir desse momento na trama, eles iniciam encontros diários através da webcam, e começam a perceber que suas relações não foram afetadas pelo tempo, descobrindo um potencial amor que floresce através de suas conexões. No entanto, suas aspirações são frustradas pelas barreiras de distância impostas por este amor.
Mesmo com promessas repletas de esperança de um reencontro em 1 ano, o tempo avança, estendendo-se por mais 12 anos. Em primeiro plano, podemos observar a vida sólida da Nora, agora casada e uma escritora consolidada. Por outro lado, Hae Sung, com uma carreira bem-sucedida e ainda apaixonado pela sua amiga de infância. Mas após se encontrarem, percebem que a conexão que construíram juntos, pode não ultrapassar todas as barreiras do tempo e proporcionar uma dualidade de sentimentos opostos entre as duas almas.
Greta Lee e Teo Yoo em "Vidas Passadas" (Foto: reprodução/divulgação/California Filmes)
A complementaridade das relações em “Vidas Passadas”
Celine Song, explora os encontros e desencontros dessas duas almas, enfatizando as mudanças pessoais dos personagens ao decorrer da vida e traz consigo um impactante choque cultural atual e comovente.
Ao falar sobre as nuances das relações interpessoais, a obra nos proporciona diversos debates sobre as conexões que criamos ao longo da vida. Levanta questões sobre quem seríamos se tivéssemos feito outras escolhas e até que ponto ainda somos capazes de fazê-las. Além disso, o filme explora a complementaridade, mostrando a incrível sintonia de Nora e Hae, mas situa os protagonistas nas barreiras do tempo e interroga a profundidade de suas conexões.
Conclusão: “Vidas Passadas” entrega uma história sobre conexões profundas e raras
Indicado em duas categorias principais do Oscar de 2024, melhor filme e melhor roteiro original, a obra de Celine é um dos maiores romances do ano, graças a seu talento e à química impecável que Greta Lee e Teo Yoo proporcionam. Surpreende que ambos os atores não tenham sido indicados nas categorias de melhor ator e atriz da edição. Além de apresentar uma história emocionante, a obra é composta por atuações memoráveis e uma fotografia irrefutável.
O filme está em exibições em todos os cinemas do país.
Nota: ★★★★★
Foto destaque: Poster do filme "Vidas Passadas" (Foto: Reprodução/divulgação/A24/Cinepop)