O segundo semestre de 2023 está recheado de longas de terror para os mais variados gostos, e a nova aposta da Paris Filmes é o dualista “Toc Toc Toc: Ecos do Além”, que chega amanhã (31) aos cinemas do Brasil. Estrelado brilhantemente por Antony Starr (“The Boys”), Woody Norman (“Drácula: A Última Viagem de Deméter”), Lizzy Caplan (“Atração Fatal”) e Cleopatra Coleman (“Piscina Infinita”), o filme é excelente do início à metade, mas se perde drasticamente nos atos finais ao ir além do que deveria e abandonar o suspense agoniante que foi fundamental para o bom desempenho inicial.
Confira o trailer de "Toc Toc Toc: Ecos do Além" (Reprodução/YouTube/Paris Filmes)
Trama de “Toc Toc Toc: Ecos do Além” e os surpreendentes primeiros atos
Em um dos cenários mais clichês e clássicos do gênero, o pequeno Peter é um menino introvertido às vésperas do Halloween tendo que lidar com pais superprotetores e bullying pesado na escola, quando começa a ouvir barulhos e uma voz vinda da parede de seu quarto. E é no antro do previsível que “Toc Toc Toc” sobe o sarrafo e surpreende o público.
É óbvio que pais de filmes de terror nunca acreditam quando seus filhos afirmam estar vivenciando situações no mínimo assustadoras, mas os de Peter demonstram uma rigidez além do habitual para lidar com os “pesadelos” do menino, chegando a trancá-lo no porão por uma noite inteira no escuro por “inventar mentiras”.
Carol e Mark, pais de Peter (Foto: divulgação/Paris Filmes)
A dupla Starr e Caplan foi um acerto e tanto. Despertam pavor e estranheza de maneira automática e nos faz imaginar que “Toc Toc Toc” versaria principalmente sobre a obsessão de pais neuróticos, se assemelhando a longas como “Telefone Preto” e, muito longiquamente, “It: A Coisa”, onde os protagonistas infantis têm de amadurecer sozinhos diante acontecimentos traumáticos, mas não é por onde o filme de Samuel Bodin vai.
Indo na contramão, o medo de Peter vai se transformando em curiosidade e coragem ao passo que seus pais parecem cada vez menos confiáveis e mais medonhos. Sem entrar em grandes detalhes, a voz infantil presa na parede afirma ser sua irmã, trancada pelos pais há anos e convence o menino de que precisa de sua ajuda para conseguir sair. E está inaugurada a sequência que vai quebrar a cabeça do espectador, pois “Toc Toc Toc” teve diversas chances de terminar no auge, mas o roteiro de Chris Thomas Devlin insiste em alongar mais do que deveria.
Do ponto alto direto para a queda
Quando você se convence de que o filme ainda não terminou e imagina o que vem pela frente, com certeza não é tão pessimista quanto deveria, até porque estamos falando de uma boa história até o momento, mas é justamente esse o motivo de os últimos atos serem tão…decepcionantes. No precipício da tensão em que o roteiro nos coloca, a revelação da figura que morava atrás do quarto de Peter tende a ser o gran finale, ou puxar para algo ainda melhor e controverso, mas decai em um ato confuso e sem muito pretexto que se torna cômico e grotesco. A exposição da figura em detrimento do mistério oferecido durante todo o filme se faz pobre e amadora, já que a estética do “monstro” é uma mistura de elementos que definitivamente não deram certo. Quando o filme enfim decide acabar, a reação é um sonoro e confuso: “ué?!”
Pôster de "Toc Toc Toc: Ecos do Além" (Foto: divulgação/Paris Filmes)
Talvez seja uma jogada proposital para deixar ganchos para uma possível prequela contextualizando a história da “irmã”, mas terão que se esforçar muito para atrair o público após a sequência de decisões técnicas que culminaram em um final muito abaixo que o restante do filme. Em suma, “Toc Toc Toc: Ecos do Além” não promete muito, surpreende pelo excelente desenrolar e decai em um buraco tosco que descredibiliza todo o bom terreno que preparou.
Nota: 7/10
Foto destaque: Peter em "Toc Toc Toc: Ecos do Além". Divulgação/Paris Filmes