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[Crítica] Primeiros episódios transmitem a essência de "Percy Jackson" com diálogos icônicos e boa atuação

Os dois primeiros episódios da série baseada na saga "Percy Jackson e os Olimpianos, de Rick Riordan, chegam ao Disney+ nesta terça-feira (19) e conseguem agradar o público; confira a crítica

20 Dez 2023 - 12h00 | Atualizado em 20 Dez 2023 - 12h00
[Crítica] Primeiros episódios transmitem a essência de 'Percy Jackson' com diálogos icônicos e boa atuação Lorena Bueri

Nesta terça-feira (19), a Disney liberou os dois primeiros episódios da primeira temporada da série “Percy Jackson e os Olimpianos”, disponíveis na plataforma de streaming Disney+. A produção é aguardada por muitas pessoas ao redor do mundo, visto o fracasso do filme de 2010, protagonizado por Logan Lerman, e sua sequência em 2013. Foram anos de espera para que fosse entregue um produto cuidado para os fãs.

Sobre a trama

A série é baseada na saga de livros de mesmo nome, escritos por Rick Riordan. A primeira temporada retrata o primeiro livro, “O Ladrão de Raios”, e conta a história de Percy Jackson, um garoto de 12 anos que descobre que é um meio-sangue, filho de uma humana com um deus grego.

Após ser acusado por Zeus, deus dos céus, de roubar o raio mestre, sua arma mais poderosa, Percy sai em uma missão, ao lado de seus amigos Grover e Annabeth, para recuperar o raio e salvar sua mãe que foi raptada por Hades, deus do submundo. No caminho, eles precisam enfrentar perigos, como monstros e outros deuses, além de descobrirem uma traição que o afeta profundamente.

Os dois primeiros episódios, planejados para ir ao ar na quarta-feira (20), surpreenderam os fãs ao serem liberados já na noite de terça-feira. Os demais episódios serão disponibilizados semanalmente pelo Disney+, às quartas-feiras.



Ao contrário dos filmes anteriores, Rick Riordan assina também o roteiro, o que nos faz esperar por maior fidelidade aos acontecimentos da obra original. No elenco, Walker Scobell, Leah Jeffries e Aryan Simhadri estrelam como o trio principal, interpretando respectivamente Percy Jackson, Annabeth Chase e Grover Underwood.

1. "Sem querer, transformo em pó a minha professora de iniciação à álgebra"


Pôster do primeiro episódio (Foto: reprodução/Instagram/@percyseries e @disneyplus)


“Olhe, eu não queria ser um meio-sangue. Seu um meio-sangue é perigoso. É assustador. Na maioria das vezes, acaba com a gente de um jeito penoso e detestável.” – Percy Jackson.

Começar a série com a fala que também inicia os livros foi uma jogada muito inteligente dos produtores, pois prende o público leitor pela nostalgia que carrega. A cena começa no escuro e vai ganhando luz aos poucos, enquanto a voz de Percy ecoa. A câmera se aproxima de seu rosto, que está molhado devido à chuva forte que cai, enquanto o garoto encara algo à frente com atenção, mas que não nos é mostrado e gera curiosidade.

A logo da série é exposta e conhecemos um pouco sobre a história de Percy, regada por bullying, Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e dislexia, além dele enxergar coisas que não deveriam estar ali e que não tinham explicação lógica. Isso acontece enquanto o garoto está em uma excursão da escola. Após Nancy Bobofit, a valentona da escola, cair da fonte por sua culpa, um monstro ataca Percy. No entanto, quando Percy a vaporiza com a espada ganhada do sr. Brunner, seu professor, ninguém parece ter visto, ou mesmo se lembra do monstro quando ele era apenas uma professora. Mais um acontecimento para a cota de Percy de coisas que ele não consegue explicar.

Ele é expulso pelo que fez com Nancy e, quando chega em casa, é recebido pela mãe, Sally Jackson (Virginia Kull) e o padrasto Gabe (Timm Sharp). Na série, a dinâmica entre mãe e padrasto é explorada de forma diferente dos livros. Kull traz uma Sally que se impõe mais, em uma relação que, apesar de tóxica, beira ao cômico. Ao contrário das obras originais, onde ela era totalmente submissa. Essa mudança causou estranhamento em alguns fãs, mas interpretei como uma mudança de conceitos sociais, visto que personagens femininas fortes são mais bem aceitas na mídia e rendem financeiramente melhor. Apesar da noção mercadológica, a construção ficou interessante.

Mãe e filho vão até um chalé na praia, para conversarem sobre o que está acontecendo e ela revelar a verdade para ele sobre seu pai ser um deus, mas o garoto continua cético. Grover chega de repente e diz que eles precisam se apressar, é quando Percy descobre que Grover é, na verdade, um sátiro, figura mitológica grega metade homem, metade bode. Eles, então, tomam a estrada até o Acampamento Meio-Sangue, lar seguro para pessoas como ele e demais seres mágicos.

No caminho, eles são atacados pelo Minotauro, e Sally, em uma tentativa de atrasar o monstro e dar mais tempo para os meninos fugirem, acaba sendo pulverizada. Movido por raiva e dor, Percy vai até o monstro e o mata, usando o chifre para isso. A cena termina com Percy desmaiado na colina e algumas pessoas, que ele não consegue identificar, ao seu redor.

Um episódio de estreia excelente, que resume fatos cruciais e introduz conceitos essenciais para a trama, revelando a relação de Percy com os deuses, a importância de Grover e o panorama do mundo mágico da série.

2. "Minha transformação em Senhor Supremo do Banheiro"


Pôster do segundo episódio (Foto: reprodução/Instagram/@percyseries e @disneyplus)


Você baba quando dorme” – Annabeth Chase

O próximo episódio nos introduz ao Acampamento Meio-Sangue. Percy ainda está na enfermaria, meio atordoado e preso aos sonhos. Ele consegue enxergar apenas uma garota, Annabeth, que resmunga que ele baba quando está dormindo. Apesar de simples, a frase marcou a geração de leitores, pois é a primeira interação dos protagonistas antes de virarem amigos e, posteriormente, um casal. No filme de 2010, a personagem de Alexandra Daddario também chega a dizer a frase, mas a cena foi retirada da produção final, algo que deixou muitos fãs revoltados e chateados. Acompanhe:


Cena deletada do filme (Foto: reprodução/YouTube/Tributos e Semideuses)


Quando Percy acorda, a garota não está mais lá, apenas Grover, com quem tem uma rápida conversa antes de se levantar e sair à procura do pai. Ele encontra Dionísio (sr. D), deus do vinho e diretor do acampamento. Assim que Percy diz estar em busca do pai, o deus afirma ser ele e o pede para buscar uma bebida. Mesmo percebendo a dor de Percy pela perda da mãe, a divindade não demonstra preocupação com seus sentimentos ou sequer decora seu nome, destacando a indiferença dos deuses pelos mortais e apenas desejam favores.

No entanto, o sr. Brunner, que Percy descobre ser um centauro e se chamar Quíron, acaba com a farsa do deus e leva o menino para ter uma conversa. Ele o leva para o chalé de Hermes, deus mensageiro, até que o pai de Percy se revele. Luke Castellan (Charles Bushnell), supervisor chefe do lugar, fica responsável por acomodar o menino e sanar suas dúvidas, e acaba se mostrando um amigo também.

Clarisse (Dior Goodjohn) é outra personagem apresentada. Ela também é uma meio-sangue, filha de Ares, o deus da guerra, e se mostra uma “pedra no sapato” de Percy. De personalidade forte, ela fica insatisfeita e enciumada pelo garoto ter matado o Minotauro antes mesmo de chegar. Clarisse assume como "meta de vida" provocá-lo para que ele assuma que é uma fraude. Ela até reproduz a cena do banheiro, em que tenta “afogar” Percy na privada, mas essa explode e acerta todos com fortes jatos de água. Mais para frente, ela e seus irmãos cercam Percy durante a simulação de batalha em um caça-bandeira, mas ele consegue se defender aos trancos.

Todo o desenvolvimento da personagem demonstra como os filhos de Ares são vulneráveis. Eles buscam a glória, pois com ela recebem a aprovação do pai. Eles são agressivos e obstinados, não aceitando o segundo lugar. Clarisse luta como se sua vida dependesse da vitória, algo que a atriz conseguiu mostrar bem, principalmente quando Percy quebra sua lança, presente do pai, e ela grita, demonstrando o quanto aquilo a afetou. No primeiro filme a personagem foi ignorada, aparecendo apenas no segundo, como se não fosse importante desde o começo. No entanto, é essencial que se entenda o surgimento de todo desafeto entre ela e o protagonista.

Enfim, temos a clássica cena da reclamação de Percy por Poseidon. Na série, optaram por ser logo após a batalha, quando ele é empurrado na água e um tridente brilha acima da sua cabeça, revelando o parentesco divino. Isso o torna uma criança proibida, visto que há anos, os três grandes, Zeus, Poseidon e Hades, fizeram uma promessa de não terem mais filhos com humanos pois estes podem ser muito poderosos e perigosos. A informação ajuda a entender os olhares espantados dos demais campistas após a descoberta.



Logo após, uma cena forte ocorre quando Percy discute com Quíron e Dionísio sobre a missão de recuperar o raio de Zeus, a pedido do pai. O garoto nega, ressaltando que o deus o ignorou a vida inteira, nunca esteve ao seu lado, e agora precisa dele.

“O Poseidon me ignorou, a minha vida toda. (...) Eu sou filho de Sally Jackson! (...) Foi a única que se importou o bastante para se denominar minha mãe. Foi ela quem acabou morrendo ‘pra que eu pudesse estar seguro aqui”

Essa cena revela muito sobre a personalidade Percy, alguém de opinião forte, que não aceita injustiça e que luta pelo que acredita ser certo.

Percy sendo Percy

Embora não tenha agradado os fãs na época, o filme de 2010 conseguiu transmitir bem a essência de Percy. Logan Lerman apresenta um personagem carismático e que cativou as pessoas, apesar do roteiro fraco. O primeiro longa trouxe um Percy Jackson lerdo e desastrado, mas obstinado, que acredita na justiça e lutava por isso.

O receio dos fãs apegados era que Walker não conseguisse trazer isso em sua versão do herói, no entanto, o ator conseguiu agradar e trazer cenas icônicas. Uma delas acontece enquanto Percy conversa com Grover, pouco antes de Nancy cair na fonte. Ele relata que quer fazer algo em relação à valentona. O amigo, então, aconselha-o a buscar ajuda com um adulto, mas Percy revela que sua vontade é jogar a garota na lixeira mais próxima. Seu olhar é de puro divertimento. Outro momento é quando sua mãe revela sobre o parentesco divino e ele questiona: “Você se apaixonou por Deus? Tipo, por Jesus?”. Algo que com certeza seria dito pelo Percy do livro.

Walker também mostra um personagem debochado e provocador quando conhece Dionísio e Grover o apresenta. O diretor diz já ter ouvido da primeira vez, apesar de continuar errando, e Percy rebate: “Será que ouviu?”.

No entanto, o que mais representa Percy no início é seu jeito desastrado, e isso foi bem apresentado. Ele quase acerta as pessoas com o arco e flecha, coloca fogo na oficina do chalé de Hefesto e tropeça enquanto anda ao lado de Annabeth. Enquanto todos estão preparados para a luta, Percy está olhando para os lados, perdido e sem saber o que fazer.

Ainda é cedo para julgar a atuação de Walker, entretanto, é visível seu potencial para entregar um Percy Jackson fiel aos públicos e que cative o público.

Easter eggs na produção

Para finalizar, é interessante comentar sobre alguns easter eggs que o filme traz e que podem, ou não, ter passado despercebido para algumas pessoas.

Atenção, contém spoilers dos livros.

O primeiro acontece logo no início do primeiro episódio, quando Percy está contando sobre sua história. O herói está observando um cavalo preto com asas, em cima de um prédio, que lembra muito Blackjack, um pégaso que Percy resgata no segundo livro e que vira seu amigo desde então. Nada foi confirmado, entretanto, é curiosa sua aparição.

Após isso, durante um flashback, Percy conversa com a mãe sobre seu nome, que foi inspirado no herói grego Perseu. O garoto o chama de herói por matar monstros, mas Sally afirma: “Nem todo mundo que parece um herói é um herói. E nem todo mundo que parece um monstro é um monstro”. Muitos fãs associaram sua fala a Luke, que nos é apresentado como herói, mas que logo se revela um traidor, e a Tyson, um ciclope inocente e amoroso.


@r.elatandoamor Série: Percy Jackson e os Olimpianos Gênero: Drama  • Se você viu no Explorer siga: @r.elatandoamor para conhecer mais do nosso conteúdo. Tags: #PercyJacksoneosOlimpianos#PercyJackson#serie#walkerscobell#livros#foryou#Disney#deuses som original - Relatando Amor


Falando em Luke, é interessante a forma que escolheram para apresentar o herói, como alguém calmo, centrado, confiável e amigável, que entende a dor que Percy carrega. Ele é posto para contar a história de como chegou com Annabeth e Thalia, que acabou morrendo, ao Acampamento. É reforçado o sentimento de família por Luke. Essa construção fará com que “doa mais” o que vem adiante.

Por fim, falemos da aparição do autor dos livros, Rick Riordan, na série. É comum, em adaptações, que o escritor faça uma participação especial, e aqui não foi diferente. Ele aparece no primeiro episódio, quando os professores estão se reunindo com Percy antes de expulsá-lo. Tio Rick, carinhosamente apelidado pelos fãs, não possui falas, aparece bem no cantinho, observando. Apesar de sutil, sua presença é marcante para os fãs.


Aparição de Rick Riordan na série (Foto: reprodução de tela Disney+ por IGN Brasil)


Em dois episódios, “Percy Jackson e os Olimpianos” conseguiu trazer mais da essência da série de livros do que os dois filmes anteriores. A expectativa entre os fãs cresce, visto que as cenas já liberadas mostraram fidelidade de forma bem resumida. Apesar da escolha de personagens ter sido criticada desde o anúncio do elenco, pensando fisicamente, os atores conseguiram se encaixar nos papéis e trazerem para o público algo bem feito. O que nos resta é esperar os próximos episódios.

 

Foto destaque: pôster da série (Reprodução/Instagram/@percyseries)

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