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[Crítica] “Divertida Mente 2” acolhe as turbulências e fascínios da adolescência

A sequência de um dos maiores sucessos da Pixar entrou em cartaz nos cinemas na última quinta-feira (20), com novas emoções e desafios da puberdade de Riley; confira nossa crítica

22 Jun 2024 - 07h30 | Atualizado em 22 Jun 2024 - 07h30
[Crítica] “Divertida Mente 2” acolhe as turbulências e fascínios da adolescência  Lorena Bueri

A adolescência é definitivamente uma fase de transição. É o momento em que sentimos deixar de ser criança, mas ainda estar longe da vida adulta, ao mesmo tempo em que vemos o corpo e a mente mudarem. Tudo que fomos parece não nos caber mais. Novos gostos, sensações e emoções nos tomam em um turbilhão de convicções e incertezas. E a sequência de um dos maiores sucessos da Pixar, “Divertida Mente”, chega, após 9 anos desde o primeiro filme, para reformular a mente de Riley para enfrentar a tão confusa puberdade.

Trama de “Divertida Mente 2”

Riley agora tem 13 anos. Fase que costuma marcar o aflorar da puberdade, o início da adolescência. Ela agora tem duas melhores amigas e a paixão pelo hockey começa a surtir efeitos quando é convidada pela técnica do time da escola para uma viagem que pode decidir seu futuro no time principal. Como não ser inundada por novas emoções com tanta coisa acontecendo?

Na sala de controle, Alegria, Tristeza, Raiva, Nojinho e Medo se preparam para os novos desafios, quando são surpreendidos por novas e espaçosas emoções, Ansiedade, Vergonha, Inveja, Tédio e Nostalgia (que aparece muito pouco). As emoções já conhecidas não sabem ao certo como reagir à chegada dos novos inquilinos, que ajudam a ilustrar a turbulência pela qual passamos durante o amadurecimento.


Assista ao trailer de "Divertida Mente 2" (Reprodução/YouTube/Walt Disney Studios BR)


Não inova, mas é dinâmico como uma partida de hockey

Apesar de não ser tão emocionante quanto o primeiro filme, e não inovar na “fórmula”, “Divertida Mente 2” ganha no dinamismo que entrelaça os três núcleos principais da história, explorando mais a vida de Riley fora do ambiente familiar e da própria sala de controle, trazendo naturalmente mais camadas e profundidade que “Divertida Mente” (2015), que retrata a infância, fase menos complexa da vida.

Emoções básicas como tristeza, raiva e alegria estão inteiramente ligadas à natureza humana. Mas a Pixar é assertiva em trabalhar na identificação de sentimentos mais complexos e profundos, realizando a jogada de mestre, de conseguir manter o interesse do público que cresceu no intervalo de quase uma década entre as animações, sem perder a chance de conquistar novos espectadores.

Através da bagunça que é a puberdade, somos guiados por um filme que tem mais altos que baixos, humanizando ainda mais as emoções, tanto as novas, quanto a acelerada Ansiedade, quanto as “antigas”. Quem já pode ter parado para pensar que a Alegria também fica triste?

O filme tende a conquistar o público através da identificação com as situações retratadas na sala de controle, de uma mente que está passando pelo início do longo processo de construção do seu senso de si. A Ansiedade, mal que acomete milhares de pessoas mundo afora, toma para si o protagonismo aos poucos, nublando as decisões de Riley. Tal como tem o poder de fazer na realidade. Esse é um dos pontos interessantes de “Divertida Mente 2”, a transparência em mostrar como cada emoção reflete em uma ação da menina com o mundo e as pessoas ao seu redor, criando, por vezes, situações embaraçosas e complexas.

A representação das novas emoções

“Divertida Mente” é uma das animações mais inteligentes em questão de representação visual dos sentimentos e como eles se apresentam dentro de nós. Todos os aspectos que compõem a persona de cada emoção, são pensados estrategicamente para que exista lógica entre o que ela provoca e como ela se mostra.



A Ansiedade é laranja, cor que representa energia. Sua forma triangular transmite movimento, pressa, risco, dinamismo, tudo que, juntando, se tornam sintomas comuns da ansiedade. Já a Inveja, se apresenta pequena, assim como nos enxergamos ao fazer pequenas (ou nem tanto) comparações com o outro. De olhos grandes e aparência inofensiva, essa se faz presente em momentos pontuais do novo cotidiano de Riley. Primeiro, em forma de grande admiração, até que leva ao desejo de, de fato, ser aquela pessoa.

Já o Vergonha é enorme e desajustado. De cor rosa, tom que costuma retratar bochechas de alguém envergonhado, sua forma ajuda a compor a ideia de tudo que nos envergonha parecer muito maior que realmente é, gerando uma sensação de inadequação. Enquanto a Tédio, apelidada de Deprê, apresenta um tom roxo escurecido. De forma molenga e aparência desmotivada, ela demonstra o estado de inércia e a apatia provocadas pelo tédio e a depressão. Tudo é intencional, tornando a obra ainda mais imersiva e verossimilhante.

Conclusão

Com uma sequência à altura do filme original, Pixar conseguiu criar um dos fortes candidatos à maior bilheteria do ano. Dinâmico sem inventar a roda, o filme tem compromisso em expandir o universo mental de Riley e desempenha a função competentemente, através de uma obra que cai como uma luva aos geração Z, e que deixa claro que não é apenas para crianças. Misturando um turbilhão de emoções, “Divertida Mente 2” é cativante, necessário e muito acolhedor.

Nota: ★★★★


Foto destaque: Emoções de "Divertida Mente 2" (Reprodução/ Disney/ Pixar)



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