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Academia pede desculpas por silêncio sobre ataque a cineasta palestino premiado com Oscar

A retratação da AMPAS veio após críticas ao silêncio sobre o ataque a Hamdan Ballal, codiretor de "Sem Chão", agredido e preso por colonos e soldados em Susya

29 Mar 2025 - 15h12 | Atualizado em 29 Mar 2025 - 15h12
Academia pede desculpas por silêncio sobre ataque a cineasta palestino premiado com Oscar Lorena Bueri

A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos emitiu, nesta sexta-feira (28), um pedido formal de desculpas ao cineasta palestino Hamdan Ballal, diretor do documentário "Sem Chão", vencedor do Oscar de "Melhor Documentário". O mea culpa veio após críticas de membros da própria instituição e de estrelas de Hollywood, como Joaquin Phoenix e Penélope Cruz, pelo silêncio inicial diante do sequestro e agressão sofridos por Ballal, perpetrados por colonos e soldados israelenses na Cisjordânia. A omissão gerou desconforto na comunidade cinematográfica, que cobrou um posicionamento mais firme.

O incidente ocorreu na última segunda-feira (24) e envolveu um ataque violento contra Ballal, que foi detido e libertado no dia seguinte. A liderança da Academia, representada pelo CEO Bill Kramer e pela presidente Janet Yang, reconheceu a falha em não citar diretamente o cineasta ou seu filme em um comunicado anterior, divulgado na quarta-feira. “Lamentamos profundamente não termos apoiado Ballal como ele merecia”, afirmaram, destacando que a instituição condena qualquer tipo de violência e repressão à liberdade de expressão.

Repercussão em Hollywood

O ataque a Hamdan Ballal começou em Susya, uma vila palestina na Cisjordânia, quando colonos israelenses confrontaram um grupo de moradores locais. Segundo relatos, a situação escalou rapidamente com a chegada de mais agressores, que usaram paus e pedras para atacar os palestinos, destruindo propriedades no processo. Ballal, que estava no local, foi brutalmente agredido e, após pedir socorro, viu sua ambulância ser confiscada por soldados israelenses. Ele foi levado a uma prisão militar e liberado na terça-feira (25). O cineasta associou a violência ao impacto de "Sem Chão", sugerindo que sua premiação no Oscar pode ter motivado a agressão.

A resposta inicial da Academia, que condenava genericamente a violência contra artistas sem mencionar Ballal, foi considerada insuficiente. Isso levou mais de 600 membros, entre eles nomes como Richard Gere e Mark Ruffalo, a assinarem uma carta aberta exigindo retratação. “É inadmissível premiar um filme e depois abandonar seus criadores à própria sorte”, dizia o texto, que também criticava a detenção ilegal do diretor.

A pressão surtiu efeito. No pedido de desculpas, a Academia afirmou: “Pedimos sinceras desculpas ao Sr. Ballal e a todos que não se sentiram representados por nossa declaração anterior. Abominamos qualquer tentativa de silenciar a expressão artística, em qualquer lugar do mundo”. A retratação foi endossada por figuras influentes do cinema, incluindo os brasileiros Alice Braga e Daniel Rezende, que se juntaram ao coro internacional em defesa do cineasta palestino. O caso expôs tensões dentro da instituição, que agora promete acompanhar de perto a segurança da equipe de "Sem Chão".


Hamdan Ballal e a estatueta do Oscar de "Melhor Documentário" (Foto: reprodução/Hazem Bader/Getty Images Embed)


O documentário que desafia o silêncio

"Sem Chão", codirigido por Hamdan Ballal, Yuval Abraham, Rachel Szor e Basel Adra, é um retrato visceral da luta dos palestinos de Masafer Yatta, no sul da Cisjordânia, contra demolições promovidas pelo exército israelense para instalar uma zona militar. O filme, que conquistou o Oscar em março de 2025, expõe décadas de deslocamento forçado e resistência, ganhando elogios por sua coragem narrativa. Apesar do sucesso, ainda enfrenta dificuldades para encontrar distribuição ampla nos Estados Unidos, o que amplifica a relevância de seu tema.

No Brasil, o documentário segue em exibição em algumas salas de cinema e chegará ao streaming Filmelier+ em abril. A vitória no Oscar colocou os realizadores sob os holofotes — e, ao que parece, também em risco. Ballal, em entrevista recente, relatou ter ouvido soldados mencionarem seu nome junto à palavra “Oscar” durante a detenção, reforçando a ideia de que o ataque teve motivação retaliatória.

Foto destaque: Hamdan Ballal, vencedor do Oscar de Melhor Documentário (Reprodução/Instagram/@hamdan_mo_balall)

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