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Influência chinesa na deflação global afeta preços mundiais

A interação entre a deflação na China e os desafios geopolíticos está moldando os cenários econômicos global em que os produtos chineses estão dificultam aumentos de preços

03 Fev 2024 - 16h59 | Atualizado em 03 Fev 2024 - 16h59
Influência chinesa na deflação global afeta preços mundiais Lorena Bueri

Os produtos chineses, já competitivos, ficaram mais baratos, dificultando aumentos de preços globais. No Brasil, a situação é similar. A China contribui para a queda da inflação de bens de consumo, somando-se a fatores como crédito caro, estabilidade cambial e normalização da oferta.

A inflação de bens industriais foi de 1,09% em 2023, a menor em cinco anos, com momentos de deflação. Itens como eletrodomésticos, eletrônicos e vestuário ficaram mais baratos. A economista da Warren prevê desaceleração contínua. “A tendência de curto prazo é que a inflação de bens continue desacelerando”, prevê Andréa Angelo, economista da Warren, que acredita que o comportamento dos preços de bens é muito benigno e está relacionado, principalmente, ao câmbio e inflação externa.


Gráfico ilustrativo de inflação

Deflação chinesa faz os preços mundiais caírem (Foto: reprodução/Blog Capital Now)


A influência da China 

A China influencia não apenas pela concorrência direta, mas também como fornecedora de insumos. Os preços chineses mais baixos ajudam a aliviar custos nacionais, refletindo na importação brasileira. Os preços cobrados pelos produtores na China caíram 3%, após 4,1% em 2022. A China exporta deflação, auxiliando os bancos centrais globais no controle da inflação, especialmente em economias emergentes.

Apesar disso, segundo Robert Sockin, economista global do Citi, a contribuição chinesa nas decisões dos bancos centrais futuros será limitada, pois a atenção está na inflação de serviços, mais resiliente e determinada por variáveis domésticas.

“Enquanto as pressões inflacionárias dentro da China continuarem suaves, a economia chinesa provavelmente continuará contribuindo à pressão baixista dos preços globais de bens”, diz Sockin, o que para ele, a China não conseguirá conduzir o fluxo do mercado monetário global. 

Tensões na geopolítica

Os bancos centrais estão atentos aos riscos geopolíticos, sendo o mais recente o conflito no Mar Vermelho, que volta a causar perturbações no transporte marítimo e a aumentar os custos de frete. Isso restringe a possibilidade de uma redução mais significativa na inflação de produtos.

O economista Luís Eduardo Assis, ex-diretor de Política Monetária do BC, destaca que a principal preocupação são os vários riscos de ruptura no cenário geopolítico internacional, como o bloqueio no Mar Vermelho, a eleição presidencial em Taiwan (vencida por um partido contrário à unificação com a China), a guerra na Ucrânia e a crescente possibilidade de instabilidade no Oriente Médio.

Foto destaque: Presidente da China, Xi Jinping, discursando em congresso (Reprodução/Poder 360)

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