Influência chinesa na deflação global afeta preços mundiais

A interação entre a deflação na China e os desafios geopolíticos está moldando os cenários econômicos global em que os produtos chineses estão dificultam aumentos de preços

03 fev, 2024

Os produtos chineses, já competitivos, ficaram mais baratos, dificultando aumentos de preços globais. No Brasil, a situação é similar. A China contribui para a queda da inflação de bens de consumo, somando-se a fatores como crédito caro, estabilidade cambial e normalização da oferta.

A inflação de bens industriais foi de 1,09% em 2023, a menor em cinco anos, com momentos de deflação. Itens como eletrodomésticos, eletrônicos e vestuário ficaram mais baratos. A economista da Warren prevê desaceleração contínua. “A tendência de curto prazo é que a inflação de bens continue desacelerando”, prevê Andréa Angelo, economista da Warren, que acredita que o comportamento dos preços de bens é muito benigno e está relacionado, principalmente, ao câmbio e inflação externa.


Gráfico ilustrativo de inflação

Deflação chinesa faz os preços mundiais caírem (Foto: reprodução/Blog Capital Now)


A influência da China 

A China influencia não apenas pela concorrência direta, mas também como fornecedora de insumos. Os preços chineses mais baixos ajudam a aliviar custos nacionais, refletindo na importação brasileira. Os preços cobrados pelos produtores na China caíram 3%, após 4,1% em 2022. A China exporta deflação, auxiliando os bancos centrais globais no controle da inflação, especialmente em economias emergentes.

Apesar disso, segundo Robert Sockin, economista global do Citi, a contribuição chinesa nas decisões dos bancos centrais futuros será limitada, pois a atenção está na inflação de serviços, mais resiliente e determinada por variáveis domésticas.

“Enquanto as pressões inflacionárias dentro da China continuarem suaves, a economia chinesa provavelmente continuará contribuindo à pressão baixista dos preços globais de bens”, diz Sockin, o que para ele, a China não conseguirá conduzir o fluxo do mercado monetário global. 

Tensões na geopolítica

Os bancos centrais estão atentos aos riscos geopolíticos, sendo o mais recente o conflito no Mar Vermelho, que volta a causar perturbações no transporte marítimo e a aumentar os custos de frete. Isso restringe a possibilidade de uma redução mais significativa na inflação de produtos.

O economista Luís Eduardo Assis, ex-diretor de Política Monetária do BC, destaca que a principal preocupação são os vários riscos de ruptura no cenário geopolítico internacional, como o bloqueio no Mar Vermelho, a eleição presidencial em Taiwan (vencida por um partido contrário à unificação com a China), a guerra na Ucrânia e a crescente possibilidade de instabilidade no Oriente Médio.

Foto destaque: Presidente da China, Xi Jinping, discursando em congresso (Reprodução/Poder 360)

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