O rapper Xamã revelou recentemente um momento delicado de sua trajetória, ligado a uma de suas composições mais emblemáticas com Marilia Mendonça, uma das cantoras que se tornou referência na música brasileira. A canção, que já passou por diferentes versões, representou um período intenso de desafios emocionais e decisões pessoais para o artista.

Durante esse tempo, Xamã precisou lidar com lembranças marcantes e sentimentos profundos, que afetaram como se apresentava ao público. Hoje, ao revisitar a música, ele reflete sobre a influência dessa colaboração e o impacto que experiências passadas têm na sua construção artística.

Xamã explica pausa de um ano em “Leão”

Na quinta-feira (21), Xamã falou ao G1 sobre o período em que decidiu não incluir a canção “Leão” em seus shows, que durou aproximadamente um ano. A música, originalmente escrita por ele e lançada no álbum Zodíaco (2020) no estilo R&B romântico, ganhou grande significado emocional após a morte de Marília Mendonça, em novembro de 2021. Para o rapper, a faixa passou a evocar lembranças intensas e sentimentos profundos ligados à parceria com a cantora, tornando necessária uma pausa para preservar seu equilíbrio emocional. Durante esse tempo, ele também optou por se desfazer do celular usado para trocar mensagens com Marília, evitando confrontar memórias que poderiam dificultar o processo de luto.

Antes da pausa, a música já havia passado por uma transformação significativa. Durante a live Serenata, em maio de 2021, a música recebeu uma nova interpretação com a participação da sertaneja em ritmo de arrocha, aproximando estilos distintos e revelando a capacidade de ambos os artistas de integrar diferentes gêneros musicais. Essa versão foi posteriormente incorporada ao álbum póstumo da cantora, Decretos Reais (2023), consolidando o sucesso da faixa e elevando ainda mais a visibilidade do rapper no cenário musical brasileiro.

Xama Canta “Leão” no Altas Horas (Vídeo:Reprodução/YouTube/TV Globo)

O rapper destacou que a colaboração com Marília não apenas ampliou seu público, mas também permitiu superar preconceitos em torno de estilos distintos, mostrando a versatilidade da música como ferramenta de conexão entre diferentes audiências. Após o período de afastamento, Xamã reintegrou “Leão” ao seu repertório, reinterpretando a faixa de forma mais leve e consciente do valor sentimental que carrega.

Cantar a música hoje é também uma forma de celebrar o legado que Marília deixou: sua habilidade de tocar corações, transformar gêneros musicais e criar histórias que permanecem vivas na memória do público. Para Xamã, essa experiência evidencia como desafios pessoais e profissionais podem se entrelaçar na trajetória de um artista, transformando perdas em aprendizado e ressignificação criativa, mantendo viva a memória e a influência de Marília na música brasileira.

Legado de Marilia

A eterna rainha da sofrência deixou um legado que transcende sua própria vida. Com centenas de hits, um estilo de compor que se tornou referência e uma voz inesquecível, a cantora marcou a história da música brasileira. Mesmo após sua morte, em 2021, sua influência continua forte: suas músicas continuam a bater recordes nas plataformas digitais, e lançamentos póstumos mantêm sua voz presente entre os fãs. A faixa com Xamã, lançada em dezembro de 2022, se tornou uma das mais ouvidas pelos brasileiros na história das plataformas digitais, prova do impacto duradouro de seu trabalho. A arte de Marília é atualmente gerenciada por sua família, a gravadora Som Livre e a empresa Workshow, que juntos cuidam dos direitos das obras da cantora e da preservação de sua carreira.

Além do sucesso musical, o legado de Mendonça se reflete na transformação que ela trouxe à música sertaneja, abrindo espaço para uma narrativa feminina forte e sensível, abordando temas de amor, perda e empoderamento. Marcado pela autenticidade e pela capacidade de tocar corações, continua a inspirar artistas e fãs, consolidando seu lugar como ícone cultural. Mesmo ausente fisicamente, sua voz e sua arte permanecem vivas, ecoando através de lançamentos inéditos, lives, álbuns póstumos e a memória afetiva que deixou no público.