Taís Araujo reflete sobre racismo: “Tive que levantar o nariz ou seria atropelada”

Em participação no Podcast Quem Pode, Pod, na última teça-feira (2), a atriz Taís Araújo refletiu sobre racismo, explicou a fama de “metida” e relembrou fala racista de ator global.

03 ago, 2022

Tais Araujo confessou que precisou mudar o seu comportamento para lidar com o racismo. A atriz de 43 anos participou do podcast Quem Pode, Pod, de Giovanna Ewbank (35) e Fernanda Paes Leme (39), na última terça-feira (2), onde contou que muitas vezes ouviu comentários de que era metida e admitiu que sua postura é proposital.

Com bastante sinceridade, Giovanna afirmou que sempre admirou o trabalho de Taís, mas que durante muito tempo, ouviu relatos de bastidores alegando que a colega seria “metida”, dentro e fora da TV Globo.

“Sou (metida). Sou mesmo (…)”, Tais respondeu, imediatamente explicando que a postura era uma maneira de se proteger do racismo existente na sociedade. “Escuto isso, sei lá, desde que saí da maternidade. As pessoas falam “/nossa, que garota metida”/. Desde sempre! Na minha infância e adolescência, fatalmente tive que levantar meu nariz ou seria atropelada. Eu fui criada num lugar muito branco e muito de elite. Se eu não me impusesse, seria atropelada por todo mundo e não estava a fim de ser atropelada por ninguém”, afirmou a atriz.

Em seguida, Tais relembrou um caso de racismo de um colega de trabalho durante as gravações de uma novela da Globo: “Uma vez, um ator da Globo falou para mim: ‘engraçado, eu não conheço nenhum negro bem-sucedido que não seja prepotente e arrogante”/”, contou ela.

A artista, então, revelou qual foi a sua resposta: “’Tostines (a bolacha) vende mais porque é fresquinho ou é fresquinho porque vende mais? Será que é você que não está acostumado a ver negros em lugares de poder e só entende negros em lugar de subserviência e se não for assim, acha que é prepotência?’. Ele não teve resposta. Eu lembro muito bem. Estava trancada dentro de um carro com ele fazendo uma cena”, relembrou a estrela.


Taís Araújo, Giovanna Ewbank e Fernanda Paes Leme  (Vídeo: Reprodução/Instagram)


Taís também afirmou que a postura adotada é uma forma de  preservar sua saúde: “Se eu não boto limite nas pessoas quando acho que estão me atravessando, eu adoeço, mesmo. E as pessoas têm a tendência a atravessar a gente, todos nós. Se sinto que estou sendo desrespeitada, preciso botar limite na hora”.

Na sequência, a artista refletiu sobre como sua maneira de lidar com o racismo é visto pela sociedade brasileira em geral: “Isso vem desde o Brasil colônia. Encarar uma população que foi sequestrada e escravizada com algum poder olhando para você no mesmo nível… você fala “/não, no meu subconsciente, no meu histórico, você tem que estar de cabeça baixa e dizer amém para tudo que eu falo, não pode levantar a voz”/. Isso é uma questão que está na pele do brasileiro, correndo, tatuado. É um olhar que não está acostumado, mas vai ter que se acostumar”, finalizou.

Confira a entrevista com Taís Araujo na íntegra:


Entevista de Taís Araujo para o Podcast Quem Pode, Pod. (Reprodução/YouTube)


Foto Destaque: Taís Araujo. Reprodução/YouTube

 

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