Paulo César Vasconcellos expõe urgência do combate ao racismo no futebol
Racismo no futebol segue sem prazo para acabar, alerta Paulo César Vasconcellos, que cobra punições efetivas e mudança cultural além dos protocolos
Em meio às reflexões do Dia da Consciência Negra, o jornalista e comentarista Paulo César Vasconcellos trouxe uma análise contundente sobre o racismo no futebol brasileiro, destacando que, apesar de avanços normativos e maior visibilidade ao tema, a luta contra a discriminação segue sendo um processo “sem prazo para terminar”.
A declaração, feita após uma série de episódios recentes envolvendo denúncias de injúria racial em estádios, reacendeu o debate sobre a eficácia das medidas adotadas por clubes, federações e autoridades esportivas.
Protocolos existem, mas nem sempre saem do papel
Nos últimos anos, o futebol passou a adotar protocolos mais rígidos contra manifestações discriminatórias, muito pela influência e do que sofreu Vini jr. no Real Madrid, com orientações para interrupção de partidas, investigação de denúncias e responsabilização de torcedores e dirigentes. Contudo, para Vasconcellos, a prática ainda está distante do ideal.
Segundo ele, há um hiato entre o que está previsto e o que de fato é executado. A existência de mecanismos de punição, diz o comentarista, não garante que eles sejam aplicados com a contundência necessária. Em muitos casos, prevalece a hesitação, um comportamento que, na visão dele, enfraquece a mensagem de intolerância zero.

Imagem de Vini Jr. protestando contra o racismo (Foto: reprodução/X/@balotaromantico)
O peso do racismo velado
Vasconcellos também chama atenção para a forma disfarçada com que o preconceito se manifesta no Brasil. Ele argumenta que parte da dificuldade em combater o racismo decorre justamente da postura negacionista de segmentos sociais que insistem em minimizar ou relativizar episódios discriminatórios.
Esse racismo velado, menos explícito do que no passado, mas ainda presente em cantos, provocações, gestos e falas, cria um terreno fértil para a repetição de condutas ofensivas, especialmente em ambientes de alta tensão emocional, como arquibancadas e redes sociais.
Futebol como palco de disputa e transformação
Para o comentarista, o futebol se tornou um dos principais espaços de debate racial no país. O esporte, que historicamente elevou atletas negros ao protagonismo, também expõe a persistência de preconceitos enraizados.
A presença de vozes negras em posições de destaque na mídia esportiva, como a dele e do Vinicius Junior, por exemplo, é apontada por Vasconcellos como parte do processo de transformação. Ele afirma que abrir espaço para narrativas que enfrentem o racismo de maneira direta é indispensável para que o tema deixe de ser tratado como excepcionalidade e passe a ocupar o centro das discussões.
Um processo contínuo, sem data de encerramento
Mesmo reconhecendo avanços institucionais, Vasconcellos reforça que não existe solução rápida para um problema que atravessa séculos. Para ele, enfrentar o racismo no futebol exige uma combinação de punição efetiva, educação e mudança cultural, um tripé que só funciona se for aplicado de forma persistente.
A mensagem final é clara: não há espaço para acomodação. Enquanto houver tolerância, subestimação ou impunidade, o combate ao racismo continuará sendo um embate longo, e, como ressaltou o comentarista, ainda “sem um prazo” para terminar.
