Catarina Mina celebra a flora brasileira na SPFW e projeta o artesanato brasileiro no mundo

Inspirada na carnaúba, tradicional palmeira nordestina, Catarina Mina levou à SPFW N60 uma coleção que une a tradição artesanal da marca à sustentabilidade

17 out, 2025
Catarina Mina SPFW N60 | Reprodução/SPFW/@agfotosite
Catarina Mina SPFW N60 | Reprodução/SPFW/@agfotosite

A marca cearense Catarina Mina apresentou na última quinta-feira (16), durante a São Paulo Fashion Week (SPFW), uma coleção que celebra a sustentabilidade e a criação artesanal. Intitulada Carnaúba, a coleção reafirma o compromisso da marca com o artesanato local como ferramenta de transformação social e destaca um trabalho que conecta comunidades de artesãs do interior do país à maior passarela da América Latina. A estilista Celina Hissa trouxe à passarela da SPFW a palha da carnaúba em bordados manuais feitos em tecidos finos de seda, linho, cambraia de rami e algodão. Em looks com silhuetas alongadas, próximas ao corpo, mais com movimento e transparências.

Carnaúba: a palmeira que molda a identidade da coleção

A carnaúba, conhecida como a “árvore da vida” no Nordeste, ganhou protagonismo na nova coleção da Catarina Mina. Não apenas pela presença estética, mas por tudo que ela representa: sustentabilidade, tradição e renovação. A palmeira – da qual se aproveita tudo, do caule ao fruto – esteve presente no início da grife cearense, quando a estilista Celina Hissa passou a mesclar sua palha com crochê em bolsas feitas manualmente. Quinze anos depois, a carnaúba retorna, agora, como elemento central. Reinterpretada em peças mais complexas, como saias esculturais, cintos amplos e estampas aquareladas. A passarela foi dominada por tons naturais de verde, terracota e branco.


Desfile Catarina Mina SPFW N60 (Foto: reprodução/SPFW/@agfotosite)

A coleção trouxe soluções pensadas para facilitar a produção em maior escala, mas sem perder a essência artesanal. O crochê aparece pontualmente em detalhes, e os acessórios surgem em formatos mais funcionais, como bolsas tipo sacola e pochetes e mostram que o design artesanal também pode ser funcional, conectando-se com as demandas do mercado nacional e internacional de moda.

Do interior do Nordeste às passarelas

Mais do que uma nova coleção, o desfile da Catarina Mina apresentou o amadurecimento de um modelo de negócios que tem como base a valorização do saber artesanal, passado de geração em geração. O que começou com a palha e o crochê no Ceará, hoje se multiplica em várias frentes de atuação. A grife estruturou ao longo dos anos redes com comunidades artesãs em várias regiões do país, sempre aplicando metodologias que incentivam a autonomia e a formação técnica de mulheres.


Desfile Catarina Mina SPFW N60 (Foto: reprodução/SPFW/@agfotosite)

Um grande exemplo disso, é a parceria com as bordadeiras de Caicó, no Rio Grande do Norte, que trouxeram para a coleção bordados inspirados na flora da Caatinga. Elas se juntam às rendeiras de bilro, crocheteiras e artesãs da renda de Richelieu, que já fazem parte da base criativa da grife. O resultado dessa união, são peças que carregam o DNA da tradição e ao mesmo tempo se inserem com naturalidade em um guarda-roupa contemporâneo, com vestidos de linho, conjuntos de cambraia de rami e tênis usados com peças artesanais.


Desfile Catarina Mina SPFW N60 (Vídeo: reprodução/Instagram/@catarinamina)

Por fim, a visão de Celina Hissa é clara, segundo ela, o artesanal precisa ser economicamente viável. Por isso, a marca investe em adaptar técnicas tradicionais a processos de produção mais ágeis e eficientes, sem abrir mão do trabalho manual. Essa estratégia permitiu, inclusive, a primeira parceria internacional da Catarina Mina com a marca de calçados francesa Veja. O resultado dessa parceria é uma papete adornada com crochês feitos por artesãs brasileiras e montada por sapateiros da grife europeia.

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