Lula pede pelo fim do tarifaço e das sanções contra autoridades em conversa com Trump

​Na conversa de 30 minutos com tom “amigável” Lula solicita fim das tarifas de 50% e sanções contra autoridades; Trump delega a negociação a Marco Rubio

07 out, 2025
Presidente brasileiro Lula e presidente estadunidense Donald Trump | Reprodução/David Dee Delgado/Bloomberg/Chip Somodevilla/Getty Images Embed
Presidente brasileiro Lula e presidente estadunidense Donald Trump | Reprodução/David Dee Delgado/Bloomberg/Chip Somodevilla/Getty Images Embed

A diplomacia entre Brasil e Estados Unidos deu um passo significativo na última segunda-feira (6 de outubro de 2025), quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu um telefonema do presidente americano, Donald Trump.

O diálogo, por videoconferência, durou cerca de 30 minutos e foi descrito como “amigável” e “extraordinariamente bom” por ambos os lados.

Lula celebrou a “excelente química” entre os líderes, que já haviam tido um breve encontro na Assembleia Geral da ONU em setembro. O foco principal da conversa foi a economia e o comércio, com o lado brasileiro buscando resolver rapidamente as barreiras impostas por Washington.

​O pedido direto de Lula pelo fim das restrições

​O presidente Lula utilizou a conversa para abordar a principal fonte de atrito: as tarifas punitivas impostas pelos EUA sobre produtos brasileiros. Ele solicitou formalmente a retirada da sobretaxa de 40%, que se somou a uma tarifa existente de 10%, totalizando 50% em muitas exportações.

​As tarifas foram impostas em julho de 2025 por Trump, que as justificou como retaliação a o que chamou de “caça às bruxas” contra seu aliado político, o ex-presidente Jair Bolsonaro. Lula garantiu, no entanto, que o tema Bolsonaro e o recente julgamento que o condenou não foram mencionados diretamente na chamada, classificando a sanção original como um “equívoco”.

​Além das tarifas, o presidente brasileiro pediu o levantamento de sanções que foram aplicadas contra autoridades de alto escalão do Brasil. Para o Planalto, as sanções representam um obstáculo nas relações diplomáticas.

​Trump delega negociações a Marco Rubio

​Apesar do tom cordial, Trump não respondeu diretamente aos pedidos de Lula. Em vez disso, ele designou o secretário de Estado, Marco Rubio, como o principal interlocutor americano para dar seguimento às negociações.


Marco Rubio, Secretário de estado dos Estados Unidos (Foto: reprodução/Sean Gallup/Getty Images Embed)

​Rubio é conhecido por sua postura crítica a regimes de esquerda na América Latina, o que gerou ceticismo entre diplomatas brasileiros. O governo americano escalou também Christopher Landau, vice de Rubio e fluente em português e espanhol, para apoiar a equipe de negociação. Pelo lado brasileiro, o grupo de trabalho será liderado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin e contará com o chanceler Mauro Vieira e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Otimismo brasileiro e os próximos passos

​Trump expressou publicamente que gostou da conversa e que os países “se darão muito bem juntos”, prometendo que “vão começar a fazer negócios”. Lula, por sua vez, disse que o objetivo é um “jogo de ganha-ganha” para ambas as nações.

​Os líderes concordaram em se encontrar pessoalmente em breve e trocaram telefones pessoais para comunicação direta. As sugestões de Lula para o encontro incluem a Cúpula da Asean, na Malásia, no final do mês, e a COP30 em Belém, em novembro, evento para o qual reforçou o convite a Trump.

​O ministro Haddad classificou a reunião como “positiva” e demonstrou “determinação” em “virar a página” das tensões recentes, sinalizando a possibilidade de conversas com o indicado de Trump para o Tesouro, Scott Bessent, já na próxima semana. O vice-presidente Alckmin resumiu o sentimento: “Foi muito boa a conversa. Melhor até do que esperávamos.”

 

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