Giorgio Armani deixa testamento que revela novos rumos para sua grife

Testamento de Giorgio Armani revela desejo de vender gradualmente sua marca para gigantes do luxo ou abrir capital; uma mudança histórica para o setor

12 set, 2025
Giorgio Armani I Reprodução/Instagram/@giorgioarmani
Giorgio Armani I Reprodução/Instagram/@giorgioarmani

A morte de Giorgio Armani, no início deste mês de setembro, trouxe não apenas uma grande perda para o mundo da moda, mas também uma reviravolta no destino de sua icônica grife italiana. O estilista, conhecido por preservar a independência de sua marca, indicou em seu testamento que seus herdeiros devem vender a maior parte do controle da Armani nos próximos anos, abrindo espaço para novos investidores ou até mesmo uma oferta pública.

O Sr. Armani não tinha filhos, e deixou como herdeiros: o parceiro Leo Dell’Orco, sua irmã mais nova, Rosana, suas sobrinhas, Silvana e Roberta; e um sobrinho, Andrea Camerana.

O futuro da marca Armani

Em um gesto que surpreendeu a indústria da moda, o testamento de Giorgio Armani, divulgado nesta sexta-feira (12), pela agência Reuters,  revelou um plano audacioso para o futuro de sua grife. O estilista, falecido aos 91 anos, delineou com precisão em seu testamento como a marca deverá ser administrada após sua partida. Ao contrário da postura de independência que sempre defendeu ao longo de sua carreira, a nova direção inclui a venda gradual da Armani. De acordo com os documentos revelados pela agência Reuters, a venda deve começar com 15% da grife em até 18 meses, com a expectativa de transferir mais 30% a 50,9% nos próximos três a cinco anos.

Gigantes do luxo como possíveis compradores

Entre os possíveis compradores, sugeridos por Armani em seu testamento, estão alguns dos maiores nomes do setor, como o conglomerado francês LVMH, responsável por marcas como Louis Vuitton, Dior e Sephora. A empresa de cosméticos L’Oréal, maior companhia de cosméticos do mundo; e o grupo EssilorLuxottica, que faz parte da fusão entre a Essilor, fabricante de lentes e a Luxottica, fabricante de óculos de sol e armações, dona de marcas famosas como a Ray-Ban e Oakley. Caso não seja alcançado um acordo com uma dessas potências, a alternativa prevista no testamento é uma abertura de capital, possivelmente na Bolsa de valores de Milão ou em outro mercado relevante.

Essa decisão marca um contraste com a filosofia de vida de Armani, que sempre evitou a diluição do controle de sua marca, recusando diversas ofertas no passado, como a de John Elkann, herdeiro da família Agnelli em 2021 e outra da Gucci, na época que Maurizio Gucci ainda liderava a empresa.


Richard Gere vestindo Armani em "Gigolo Americano" de 1980 (Foto: reprodução/Harper's Bazaar)

Giorgio Armani também assinou os ternos de "Batman o cavaleiro das trevas" de 2008 (Foto: reprodução/Instagram/@elhombrelifestyle)

O legado de Armani e possíveis mudanças no mercado de luxo

Giorgio Armani, ou Sr. Armani como era chamado por seus colaboradores, fundou sua maison nos anos 1970 ao lado de seu parceiro Sergio Galeotti e ficou conhecido, principalmente, por reinventar a alfaiataria e transformar a moda masculina, com peças desestruturadas e minimalistas que traziam conforto e estilo atemporal. Tornou-se popular em Hollywood, ao vestir o ator Richard Gere para o filme “Gigolô Americano”, de 1980, tornando-se a partir dali muito popular entre as estrelas de Hollywood e presença fixa no tapete vermelho de premiações.

Em 2024, a grife italiana registrou uma receita de 2,3 bilhões de euros, embora tenha enfrentado uma queda nos lucros devido a desaceleração do mercado de luxo.

O testamento deixado por Armani também revela que a Fundação Giorgio Armani, juntamente com seu parceiro e braço direito, o também estilista, Leo Dell’Orco, detêm 70% dos direitos de voto do grupo, com a fundação mantendo 30,1%, caso a empresa abra o capital.

Este testamento não apenas redefine o futuro da marca Armani, mas também pode mudar a dinâmica global do mercado de luxo com a possível entrada da marca em grandes conglomerados ou sua entrada na bolsa de valores, com ações disponíveis para compra por qualquer investidor do mercado.

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