EUA autoriza teste de transplante de rim de porco em pessoas em maior escala
O xenotransplante é uma alternativa encontrada contra a escassez de órgãos para transplante e pouco risco de rejeição; prática recebeu autorização da FDA

Os cientistas da eGenesis, que é uma empresa de biotecnologia, desenvolvem porcos geneticamente modificados e progrediram com as pesquisas sobre o desempenho de órgãos de porcos em humanos. Esse avanço fez com que eles pudessem dar um próximo: testes clínicos em seres humanos em maior escala.
A notícia foi dada nesta segunda-feira (08) pela eGenesis e ela teve a autorização da Food and Drug Adminstration (FDA), órgão regulador de alimentos e medicamentos dos Estados Unidos similar à ANVISA aqui no Brasil. O órgão que será testado são os rins dos porcos desenvolvidos geneticamente pela empresa.
O presidente de políticas e assuntos globais da Associação Americana de Pacientes Renais, Paul Conway, falou sobre o assunto: “É um período muito otimista”, disse ele.
Órgão modificado
Os porcos que pertencem a eGenesis são modificados para que seus órgãos fiquem o mais compatível o possível com o do ser humano. Eles usam um aparelho chamado CRISPR que funciona como uma tesoura que, ao cortar uma parte do gene do porco, ele desativa um carboidrato chamado alfa gal que causa a rejeição do rim do animal no ser humano. Esse procedimento é chamado de xenotransplantes.

Pacientes com rins de porco
No início do ano passado, Rick Slayman, de 62 anos, recebeu um rim de um porco que também foi mudado, mas faleceu dois meses depois devido a problemas no coração, contudo a incorrência não está relacionada ao órgão transplantado. O segundo paciente foi Tim Andrews de 67 anos, que recebeu em janeiro deste ano um rim de porco, e o órgão continua funcionando. O terceiro receptor foi Bill Stewart, em junho e depois do transplante voltou para casa e a trabalhar.
A autorização do teste em maior escala por parte da FDA, fará com que os 86 mil pessoas que aguardam pelo órgão, aguardem menos tempo na fila. Antes dessa autorização, as pessoas esperam em média de 3 a 5 anos para encontrar um doador e se o paciente tiver o sangue tipo O, fica mais tempo ainda na fila, quase 10 anos, pois um estudo feito descobriu que pessoas com esse tipo sanguíneo podem aguentar mais tempo sem o órgão.
A eGenesis, podendo agora fazer o transplante em escala maior, quer fazer a operação em pelo menos 33 pacientes em até dois anos e meio, já a United Therapeutics outra empresa que também estuda órgão de animais modificados, usará as pesquisas da eGenenis para transplantar até 50 pacientes até final deste ano.