HIV: tecnologia RNAm usada na covid-19 pode ajudar pessoas soropositivas

A nova tecnologia traz esperança de cura para aqueles que convivem com a doença; testes tem mostrado bons resultados em humanos, ainda que com efeitos colaterais

04 ago, 2025
Estudos mostram os bons resultados contra a doença I Reprodução/Instagram/@povoonline
Estudos mostram os bons resultados contra a doença I Reprodução/Instagram/@povoonline
Duas vacinas que usam a mesma tecnologia das vacinas contra a Covid-19 (feitas pela Pfizer e Moderna) conseguiram fazer o corpo reagir fortemente contra o HIV. Isso foi mostrado em dois estudos científicos, um feito com pessoas e outro com animais, publicados na revista Science Translational Medicine.

Mais de 41 milhões de pessoas no mundo tem HIV e mais ou menos 1 milhão estão no Brasil. Desde que a doença surgiu, os cientistas de todos os países tentam desenvolver uma vacina contra o vírus da Aids, mas até o momento não obteve sucesso.

Ao desenvolver uma vacina contra o vírus, os pesquisadores estudam como o corpo elimina agente causador da doença do seu sistema. Mas no caso do HIV o organismo não elimina o vírus totalmente do corpo, e na maioria dos casos, ele diminui a quantidade ao ponto de se tornar quase invisível. Outro fator importante são as mutações rápidas e constante de aparência, o que dificulta ainda mais o desenvolvimento de uma vacina específica e, por isso, quando se desenvolve uma vacina que elimine a doença, ela tem que passar por vários testes para saber se funcionará ou não nessas condições.

Nova vacina

A tecnologia RNAm é a nova esperança para a saúde desses pacientes, pois ela consegue se modificada rápido e tem baixo custo, além de oferecer rápidos resultados.  Com a nova tecnologia, o resultado saí em meses, o que traz agilidade para os pesquisadores. A vacina funciona via estímulos nas células e produz uma proteína específica encontradas na superfície dos vírus. Isso induz uma resposta imunológica, que ajuda o corpo a reconhecer e eliminar o vírus, caso seja exposto.

A vacina ideal para o HIV tem que “soltar” produções de anticorpos neutralizantes e imutáveis do vírus, que se semelham a muitas cepas e podem bloquear infecções, oferecendo assim proteção abrangente.


Tecnologia RNAm avança contra o vírus HIV (Foto: reprodução/NurPhoto/Getty Images Embaled)

Na nova abordagem, os pesquisadores fizeram vacinas para transportar informações para uma proteína encontrada na superfície do HIV. Em duas delas, eles ocultaram uma parte dessa informação proteico-chave que normalmente desvia a atenção do sistema imunológico para o desenvolvimento de uma resposta protetora. E na terceira, essa parte da superfície viral estava exposta.

O estudo

O primeiro teste foi feito em coelhos e macacos, com ótimos resultados, o que deu uma base para desenvolver a vacina para os testes em humanos, na qual 108 adultos saudáveis com idades entre 18 e 55 anos foram utilizados em dez centros de estudo diferentes nos Estados Unidos.

Cada participante recebeu três doses da vacina designada: uma na consulta inicial, outra dois meses depois e uma dose final seis meses após a primeira. A vacina que receberam foi selecionada aleatoriamente.

O resultado em animais e em humanos foram os mesmos, elas mostraram bons desempenhos quando esconderam as informações na célula proteica. Apenas 4% dos participantes que receberam uma vacina que expôs essa parte da superfície viral produziram anticorpos que poderiam bloquear a infecção; esse número saltou para 80% quando essa região não era visível ao sistema imunológico.

O estudo clínico em humanos foi feito principalmente para avaliar a segurança das vacinas, e elas tiveram bons resultados, mas também trouxeram efeitos colaterais leves como fadiga, dor, dor de cabeça, calafrios, náusea e dor no local da injeção, além de 6,5% dos casos os participantes tiveram urticária crônica ou leve a moderada em todas as versões da vacina. A maioria dos sintomas foi resolvida ou melhorada com anti-histamínicos orais, embora dois participantes tenham apresentado sintomas persistentes por mais de 32 meses.

Pacientes curados

No mundo todo, somente cinco pessoas foram curadas do HIV, mas nenhuma delas foi mediante vacinas desenvolvidas para a doença. A cura dessas pessoas foram através de transplante de medula óssea, mas isso não é uma opção viável para todos os pacientes com HIV, pois é um procedimento de alto risco e com limitações.
Esses pacientes tinham em comum além do HIV era que todos faziam tratamento contra o câncer, Timothy Ray Brown foi a primeira pessoa curada da doença e foi observado por 12 anos pelos médicos e nesse período a doença não reapareceu, ele morreu 12 anos após ser curado devido ao um câncer em 2008. A pesquisa para a cura total continua em todo mundo.

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