Denzel Washington pode voltar em sequência de Maré Vermelha
Produtor Jerry Bruckheimer confirma que nova sequência está sendo roteirizada com apoio da Marinha americana e aposta no retorno do ator vencedor do Oscar

Quase três décadas após seu lançamento, Maré Vermelha (1995) pode ganhar uma continuação oficial — e com a possível volta de Denzel Washington no papel do oficial Ron Hunter. A confirmação veio de Jerry Bruckheimer, produtor do longa original, durante uma entrevista ao programa “The Rich Eisen Show”. Segundo ele, o projeto já está em fase de desenvolvimento, com um diretor-roteirista trabalhando no novo enredo em colaboração com a Marinha dos Estados Unidos, para assegurar autenticidade técnica e militar ao filme.
“Temos o Denzel. Se lhe dermos um bom roteiro, acho que ele aceitaria”, afirmou Bruckheimer, ao ser questionado sobre o envolvimento do ator. A fala reacende o interesse por uma sequência que deve resgatar a tensão geopolítica, os dilemas morais e os conflitos internos que marcaram o longa original — um thriller militar que conquistou público e crítica ao tratar do uso de poder bélico sob pressão.
Tensão nuclear e dilemas morais: a base do primeiro filme
Lançado em 1995 com direção de Tony Scott, Maré Vermelha se passa em um cenário de crise global envolvendo a Rússia pós-soviética. A bordo do submarino nuclear USS Alabama, o veterano comandante Frank Ramsey (Gene Hackman) entra em confronto direto com seu novo imediato, o jovem e idealista oficial Ron Hunter (Denzel Washington). O motivo seria uma mensagem de forma incompleta recebida em meio a uma possível ordem de ataque nuclear contra rebeldes russos.
Enquanto Ramsey defende uma ação imediata baseada em um protocolo militar, Hunter insiste em esperar pela confirmação da ordem, por precaução e também responsabilidade ética. O conflito entre os dois revela tensões mais profundas: autoridade versus consciência, obediência versus julgamento moral, guerra versus diplomacia. É importante destacar que a ação do filme ocorre quase inteiramente dentro do submarino, ampliando a claustrofobia e a urgência e transformando o enredo em uma batalha de psicologia e estratégia.
Trailer legendado de Maré Vermelha - 1995 (Vídeo: Reprodução/YouTube/SóTrailers)
O longa arrecadou mais de 150 milhões de dólares na época de lançamento e se tornou um dos títulos mais celebrados da década dentro do gênero de suspense militar. Com atuações intensas e uma direção precisa, é considerado um dos marcos do cinema político de ação.
Conflitos nos bastidores e a saída de Tarantino
Embora o roteiro tenha sido oficialmente assinado por Richard P. Henrick e Michael Schiffer, a contribuição de Quentin Tarantino foi essencial para os diálogos e também para o tom dramático central do filme, ele foi chamado para que reescrevesse algumas das falas e inserir assim suas já características camadas de grande tensão verbal. Sendo convidado por Tony Scott após o sucesso do filme “Amor à Queima-Roupa”. No entanto, a sua participação gerou polêmica.
Quentin Tarantino em 2025 (Foto: Reprodução/Andreas Rentz/Rolling Stone)
De acordo com relatos da época, Denzel teria ficado bastante incomodado com alguns diálogos que achou ofensivos e racialmente insensíveis. Essa tensão nos bastidores levou o ator a confrontar o roteirista de forma pública, o que resultou na retirada do nome de Tarantino dos créditos do filme.
Anos depois, Washington chegou a falar sobre o episódio em entrevista à GQ, revelando que procurou o cineasta para encerrar o mal-estar. “Eu superei essa briga. Eu o procurei há dez anos. Disse a ele: ‘Olha, eu peço desculpas. Você vai andar por aí com isso pelo resto da sua vida?’ Ele pareceu aliviado”, contou.
Nova trama promete diálogo com o cenário geopolítico atual
Com o novo roteiro ainda em fase de desenvolvimento, o produtor aposta em uma história que respeite o legado do original, mas que também dialogue com os conflitos contemporâneos. A colaboração direta com o órgão da Marinha dos EUA sugere que o foco em autenticidade será mantido na sequência, e há expectativa de que a continuação explore as novas tensões globais envolvendo, por exemplo, a inteligência artificial militar, ameaças híbridas ou o atual reposicionamento estratégico da OTAN.
Pôster oficial do filme em seu lançamento (Foto: Reprodução/Adoro Cinema)
A participação de Washington, caso confirmada, também sinaliza um desejo de continuidade narrativa, conectando o novo filme ao legado do clássico personagem Ron Hunter. Mesmo que a trama não seja uma sequência direta, o retorno do ator agregaria um peso dramático e atrairia um público que acompanhou sua carreira desde os anos 1990.
Revisitar um clássico em tempos de reboots e legados
A produção de Maré Vermelha 2 se insere em uma tendência cada vez mais frequente em Hollywood: a de revisitar histórias marcantes sob uma nova e atual perspectiva. O sucesso de relançamentos como “Top Gun: Maverick” e “Gladiador 2” reforçam o apelo nostálgico, mas também exigem atualizações temáticas que façam sentido para o público de hoje.
Para Denzel Washington, que recentemente retornou a franquias como “O Protetor”, reviver o oficial Hunter seria mais do que uma reprise, seria uma oportunidade de expandir um personagem central em um novo contexto. E, para Jerry Bruckheimer, o desafio está justamente em equilibrar fidelidade à essência do original mas também com inovação narrativa e técnica.
Altas expectativas e grande responsabilidade criativa
Ainda sem um título oficial, data de estreia ou elenco completo confirmados, Maré Vermelha 2 já surge como uma das produções mais aguardadas entre os entusiastas do cinema militar e dos thrillers psicológicos. A combinação de tensão geopolítica, dilemas éticos e atmosfera de confinamento continua atual e pode ganhar novo fôlego se conduzida com a mesma precisão dramática do original.
Se o roteiro conseguir entregar um conflito à altura e Washington retornar ao comando, Maré Vermelha 2 tem tudo para ser mais do que uma sequência: pode se tornar um capítulo relevante na trajetória de um dos gêneros mais exigentes do cinema.