Do tribal ao carnavalesco Ney Matogrosso fez política com looks inesquecíveis
Além da voz marcante, cantor ganhou destaque na cena artística por meio das letras impactantes de suas canções e dos figurinos da época

Ney Matogrosso é considerado símbolo de luta, resistência, amor e características sensíveis de um ser humano. Porém, o artista também é relembrado pelos figurinos que marcaram a carreira, seja em shows ou clipes para a televisão.
As roupas da voz de “Poema” eram formas de encenar as composições, como da canção “Homem com H“, que construía a persona animalesca de Matogrosso nos palcos, e também maneiras de protestar, afinal, o intérprete era um homem usando maquiagens durante a ditadura militar.
Dos adornos tribais, caubói e as vestimentas mais recentes repletas de glamour, abaixo você confere uma seleção dos melhores looks do cantor.
Secos & Molhados
Durante a passagem de Ney Matogrosso pela banda, que durou de 1971 até 1974, grandes hits surgiram da parceria, como “Sangue Latino” e “Rosa de Hiroshima”. Nessa fase, o cantor, assim como os outros membros, apostavam mais em adereços e pintura facial do que roupas.
Exemplo é a capa do primeiro disco do grupo “A Volta dos Secos & Molhados”, em que os membros surgem com os rostos pintados. O vocalista da banda se apresentava normalmente, sem camisa, e usava colares exuberantes, às vezes de pedra e outras com formato de dente de animais predadores.
Além disso, a cabeça do astro era enfeitada com penas. Tudo remetia ao selvagem, assim como o jeito que se portava nos palcos.
Secos & Molhados em apresentação para a TV Tupi, em 1973 (Vídeo: reprodução/YouTube/Musicalidade)
O caubói no bandido
Em 1976, dois anos após a separação com o quarteto, o artista lançou seu segundo álbum solo, “Bandido”. Neste período, o cantor preenchia os olhos com um carregado contorno de lápis preto enquanto se fantasiava de um símbolo extremamente masculino: caubói. O contraste das roupas e badulaques, considerados femininos, era uma forma de expressão.
Junto ao chapéu, Matogrosso cantava com uma flor vermelha encaixada na orelha. Os adereços no pescoço continuavam, mas agora eram diversos, sobrepostos um pelo outro. Ele também usava um brinco grande de argola no pescoço.
Ney Matogrosso na era "Bandido" (Foto: reprodução/Blog/NEY MATOGROSSO - BAU DE RARIDADES)
Carnaval e outros looks
Ao longo das décadas, o cantor modificou os figurinos, contudo soube manter estilo e singularidade em cada mudança.
Em 1985, Ney Matogrosso fazia parte do line-up do Rock In Rio. Para a apresentação, ele cobriu o corpo de purpurina, maquiagem colorida e saias de franja. Infelizmente, o grupo de pessoas arremessou ovos no artista.
Para o álbum “Olhos de Farol” (1998), ele referenciou a Grécia Antiga ao se apresentar quase nu: apenas com uma saia aberta de franja branca cobrindo a região íntima. A partir de 2013, em shows de “Atento aos Sinais”, o intérprete se projetava como um pássaro verde, havia penas verdes por todo o corpo.
O seu look mais famoso dos últimos anos é o de 2019, para a turnê de “Bloco Na Rua”. No figurino, a lenda fica escondido atrás de uma máscara que abre com um zíper no meio do rosto, como se estivesse repartido. A roupa é dourada e possui glitter.
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Ney Matogrosso em apresentação de "Bloco Na Rua" (Vídeo: reprodução/Instagram/@ritabvicente)
Homem com H
O nome de Ney Matogrosso voltou a ser comentado nas redes sociais após o filme “Homem com H” (2025) chegar na Netflix no dia 17 de junho. O longa configurou entre os mais assistidos do streaming e ficou em primeiro lugar na sua semana de lançamento na plataforma.
A trama narra a vida do cantor, encarnado por Jesuíta Barbosa, desde sua infância, a formação do Secos & Molhados, o período da epidemia da Aids, a relação conturbada com o pai e os amores compartilhados ao longo da trajetória.